Instituto de Arte Contemporânea da Pensilvânia `muda-se` para Lisboa na próxima semana

por Lusa

O Instituto de Arte Contemporânea da Pensilvânia, nos Estados Unidos, `muda-se` para o espaço do projeto Kunsthalle Lissabon, em Lisboa, a partir da próxima semana, transformando aquele local numa extensão da instituição, com uma exposição dedicada a Trevor Shimizu.

A direção do Kunsthalle Lissabon, que celebra este ano uma década de existência, parou, em fevereiro, para um ano para reflexão, convidando quatro instituições internacionais parceiras a ocupar o espaço que deixaram vago, na rua José Sobral Cid, em Lisboa, perto da Madre de Deus e do Museu Nacional do Azulejo.

Depois da Pivô, de São Paulo, da CURA, de Roma, e da Kadist, de Paris, é agora a vez do Instituto de Arte Contemporânea da Pensilvânia, em Filadélfia, de apresentar uma exposição neste novo contexto.

Assim, de acordo com o Kunsthalle Lissabon, num comunicado hoje divulgado, o Instituto de Arte Contemporânea da Pensilvânia "vai ocupar o espaço expositivo e as plataformas digitais do Kunsthalle, de 20 de novembro de 2019 a 01 de fevereiro de 2020, transformando o espaço em Lisboa numa extensão do edifício de Filadélfia, para apresentar `Trevor Shimizu: Performance Artist`, a primeira exposição dedicada ao trabalhado em vídeo daquele artista".

Em complemento desta "apresentação intercontinental", o Instituto de Arte Contemporânea da Pensilvânia irá apresentar uma exposição no `Project Space` do museu em Filadélfia, de 25 de janeiro a 10 de maio de 2020.

A exposição "Trevor Shimizu: Performance Artist" apresenta "mais de vinte trabalhos do artista, datados do início de 2000 até à atualidade, incluindo vídeos, pinturas por vídeo e interações `online`, oferecendo um presciente e pungente comentário sobre afeto e identidade no nosso momento socialmente mediado".

Em fevereiro deste ano, João Mourão, curador e um dos fundadores do projeto Kunsthalle Lissabon, disse à Lusa que a direção decidiu "comemorar a ocasião [10.º aniversário] simplesmente desaparecendo do panorama artístico da cidade, e parando para refletir", mas o espaço coninuou a funcionar.

"Colaborámos com inúmeras instituições, tanto locais como internacionais, e desenvolvemos uma reflexão continuada sobre pensamento e ação institucionais no contexto das artes visuais. Foi uma década incrível!", assinalou o curador, como balanço.

O projeto foi lançado em julho de 2009 em conjunto com Luís Silva, com o objetivo de apresentar exposições de artistas portugueses e estrangeiros, e também de editar livros de artista e monografias, num total de 14 volumes publicados numa década.

"A Kunsthalle surgiu num contexto em que Portugal estava em crise, e a cidade era completamente diferente de hoje. Foi uma época muito especial de relações entre amigos e artistas. Entretanto, a realidade mudou e muitas dessas pessoas tiveram de sair de Lisboa", apontou.

A Lisboa "que foi propícia ao aparecimento da Kunsthalle Lissabon em 2009 tem muito pouco em comum com a Lisboa gentrificada e turistificada de 2019", disse João Mourão à Lusa.

"Dificilmente seria possível começar hoje como começámos na altura", considerou, acrescentando que as instituições culturais que entraram na capital estão "muito viradas para os números".

"O que estamos a assistir hoje é ao desaparecimento da massa crítica e artística da cidade", lamentou.

João Mourão recordou que a entidade que fundou com Luís Silva "desenvolveu sempre uma atividade de forma a não ficar estagnada", nomeadamente no apoio a artistas que nunca tinham exposto individualmente, como André Romão ou Mariana Silva, ou a artista francesa Caroline Mesquita.

A Kunsthalle Lissabon também publicou várias monografias sobre o trabalho de artistas portugueses, como André Guedes e Pedro Barateiro e, mais recentemente, em parceria com o New Museum de Nova Iorque, a monografia dedicada ao artista guatemalteco Naufus Ramírez-Figueroa.

Nas publicações, criou a coleção "Performing the Institution(al)", reunindo vozes da crítica e da curadoria como Charles Esche, Maria Lind, Filipa Ramos, Marina Fokidis ou Simon Sheikh.

A Kunsthalle Lissabon é apoiada pela Direção-Geral das Artes, pela Foundation for Arts Iniciatives e pela Coleção Maria e Armando Cabral.

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