Livro inédito do poeta açoriano Pedro da Silveira apresentado na Biblioteca Nacional

por Lusa

Um livro inédito do poeta açoriano Pedro da Silveira, que morreu em Lisboa, em 2003, vai ser apresentado na sexta-feira, na Biblioteca Nacional, integrando a sua obra poética, numa edição do Instituto Açoriano de Cultura.

O poeta, natural da ilha das Flores, através do volume "Fui ao Mar Buscar Laranjas - Poesia Reunida" vê concentradas todas as suas edições publicadas em vida, a par de um conjunto de dispersos e do livro, até agora inédito, "Ossos na Areia", cujo trabalho de recolha e edição foi assegurado pelo escritor e docente universitário Urbano Bettencourt.

O poeta Urbano Bettencourt - que recorda à agência Lusa ter sido editado um primeiro volume da obra completa de Silveira, pelo próprio autor, em 1999 - refere que o inédito que estava a ser preparado faz parte do espólio do escritor, confiado à Biblioteca Nacional, onde trabalhou, reunindo um conjunto de 50 poemas novos, a par de alguns textos dispersos na imprensa.

O docente universitário destaca o facto de o título da obra poética completa do poeta florentino ("Fui ao Mar buscar Laranjas") ser o primeiro verso de uma quadra do "Cancioneiro Geral dos Açores".

Para o docente universitário esta quadra "é como se fosse uma confissão de alguma humildade face ao seu trabalho poético", salientando-se que se está perante uma poesia de "grande qualidade, diversificada", com base em poemas narrativos, "oriundos da tradição popular, muito curtos por influência do contacto com algumas poéticas orientais, japonesas".

O escritor açoriano considera que "a sua poesia é extremamente diversificada, muito segura, com uma componente insular bastante acentuada".

Urbano Bettencourt explica que o poeta não é conhecido em termos nacionais e é pouco reconhecido nos Açores, porque "manteve uma presença mais visível e continuada" na investigação, debruçando-se sobre a história, literatura e tradições populares, daí que, de "algum modo, tende-se a esquecer que ele, de facto, é um poeta, como fundamentalmente se considerava".

"Conhece-se muito mal a sua poesia marcada pela viagem, pela procura, inquietação e pelas leituras. É um poeta que vale a pena recuperar, redescobrir pela linguagem e temas que atravessam a sua obra", afirma Bettencourt, esperando que esta publicação venha "recentrar a atenção na sua poesia".

Natural da freguesia da Fajã Grande, ilha das Flores, onde nasceu em 05 de setembro de 1922, Pedro da Silveira, que morreu aos 80 anos, iniciou em Ponta Delgada a sua vida literária, tendo-se fixado em Lisboa, em 1951.

Colaborou em jornais e revistas como O Comércio do Porto, O Primeiro de Janeiro, Vértice, Mundo Literário, O Diabo, Seara Nova, de que foi chefe de redação, Colóquio-Letras, Diário dos Açores, O Monchique e na Revista Municipal das Lajes das Flores.

É responsável pela publicação de alguns estudos sobre a história e o folclore dos Açores, tendo gerado três documentos inéditos sobre a história do povoamento das Flores e Corvo: "Materiais para Um Romanceiro da Ilha das Flores (1961)", "Catorze trovas e um conto recolhidos na Ilha das Flores" e "Das tradições na Ilha das Flores".

A apresentação da obra na Biblioteca Nacional, após a apresentação na sua terra natal, estará a cargo de Fátima Freitas Morna, professora na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, e de Urbano Bettencourt.

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