Mais de cem autores norte-americanos em Lisboa para o festival literário Disquiet

por Lusa

Mais de uma centena de escritores norte-americanos vão reunir-se em Lisboa, a partir de dia 23 de junho, para participarem no programa literário Disquiet, que se estenderá depois aos Açores, numa iniciativa do Centro Nacional de Cultura (CNC).

Ao todo, são 110 escritores norte-americanos que, entre 23 de junho e 5 de julho, participam numa Universidade de Verão, com frequência de `workshops` e sessões com personalidades da cultura lusófona, em mais uma edição deste programa literário internacional, organizado em colaboração com a editora norte-americana independente Dzanc Books, baseada no Michigan, anunciou o CNC.

O projeto tem como principais objetivos aprofundar o conhecimento entre escritores norte-americanos e lusófonos e divulgar a obra destes artistas para além das suas habituais fronteiras.

Michael Cunningham, Jenny Offill, David Leavitt, Camille Bordas, Erica Dawson, Sally Wen Mao e Justin Torres são alguns dos autores norte-americanos convidados para coordenar os `workshops` e participar nas sessões previstas no programa, que contam também com a presença de escritores portugueses como Teolinda Gersão, Dulce Maria Cardoso, Isabela Figueiredo, José Luís Peixoto, Djaimilia Pereira de Almeida ou Gonçalo M. Tavares.

Sendo o festival Desquite dedicado à memória do poeta português Alberto de Lacerda, todos os anos inclui uma homenagem especial ao autor, nesta edição a cargo dos escritores e poetas Nuno Brito, Tatiana Faia, Pedro Mexia e Inês Fonseca Santos, que participam num painel sobre poesia portuguesa contemporânea.

O escritor Richard Zenith terá duas intervenções, uma na Livraria Ferin e outra na Livraria-Bar Menina e Moça, em que fará leituras e responderá a questões relacionadas com Fernando Pessoa e Sophia de Mello Breyner, respetivamente.

O autor norte-americano Michael Cunningham - vencedor do prémio Pulitzer para ficção em 1999 pelo seu romance "As Horas" -, que está desde maio a participar numa residência literária em Cascais, tem prevista uma sessão de leituras e de perguntas e respostas, a ter lugar na Casa das Histórias Paula Rego.

Está prevista ainda uma sessão com o musicólogo Rui Vieira Nery sobre a história do fado, um passeio pela "Lisboa literária", que percorre roteiros traçados por escritores portugueses, bem como um painel sobre edição, cuja convidada interveniente é a escritora e ilustradora norte-americana Emily Nemens, atual editora da revista literária "The Paris Review".

As instalações do Centro Nacional de Cultura, o Jardim de Inverno do Teatro São Luiz, a Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento, a Fundação José Saramago, o Museu do Fado e o Grémio Literário são os outros espaços onde decorrerão as iniciativas, além das já referidas Casa das Histórias Paula Rego e livrarias Ferin e Menina e Moça.

Findo o programa de Lisboa, parte destes escritores segue para os Açores, onde frequentará uma semana de residência literária na cidade de Ponta Delgada, na ilha de São Miguel, entre 07 e 15 de julho, uma experiência iniciada em 2017 e que se tem prolongado.

Intitulada (DIS)QUIET AÇORES, esta residência proporciona a alguns destes escritores a oportunidade de conhecer, de se encontrar e escrever, aproveitando a experiência que viveram durante o programa no continente e em contraponto com esta.

No contexto desta residência, embora seja dada prioridade ao tempo de escrita, serão promovidas sessões de leitura, não só dos escritores participantes na residência, mas também de escritores açorianos.

Apesar de ainda não haver programa detalhado para os Açores, está definido que o grupo trabalhará no Jardim José do Canto e que as sessões de leitura terão lugar na Biblioteca Pública e Arquivo Regional de Ponta Delgada e na livraria SolMar.

Esta é a 9.ª edição de uma iniciativa, lançada pela Dzanc Books, que partiu do pressuposto de que "a imersão numa cultura estrangeira, num ambiente diferente do habitual, e a consequente quebra de rotinas tendem a estimular a criatividade, abrindo novas perspetivas e novos ângulos de interpretação do mundo que nos rodeia, resultando num indubitável enriquecimento para todos aqueles que nele participam".

O CNC está associado a este projeto desde o seu início, em 2011, contando com oito edições, pelas quais já passaram mais de setecentos escritores norte-americanos.

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