Mestre e escravo encontrados durante trabalhos arqueológicos em Pompeia

por Carla Quirino - RTP
Luigi Spina - EPA

Escavações feitas numa vila do Parque Arqueológico italiano revelaram restos mortais masculinos num quase perfeito estado de conservação. Os dois romanos jaziam perto um do outro e terão morrido durante a fuga à erupção vulcânica do Monte Vesúvio, no ano 79 depois de Cristo.

A Civita Giuliana, a 700 metros de Pompeia, revelou mais uma vez os sinais da agonia de há quase 20 séculos. As cinzas conservaram o corpo e a dor das vítimas, abrindo uma janela para o passado.

A informação extraída das investigações forenses acrescentou que um dos indivíduos teria uma idade compreendida entre 18 e 25 anos. O segundo homem era mais velho e rondaria os 30 a 40 anos.

O jovem romano apresentava várias vértebras comprimidas, o que sugere ser um trabalhador braçal ou escravo. Media 156 centímetros. Os investigadores acreditam que usaria uma túnica plissada, provavelmente feita de lã, pois havia marca das dobras na zona inferior da barriga.


Foto: Luigi Spina EPA


O homem mais velho media 162 centímetros e tinha uma estrutura óssea mais forte, especialmente na zona do peito.

Esta vítima possuía mais roupas do que o jovem  Apresentava o uso de túnica e de um manto. As impressões das dobras do tecido ficaram preservadas perto do esterno revelando a direção que o manto de lã tomava. Os traços sugerem que estava travado no ombro esquerdo.

Os arqueólogos encontraram outro padrão no braço esquerdo e foi interpretado como impressão do tecido da túnica.


Foto: Luigi Spina - EPA


Os restos mortais foram identificados junto ao criptopórtico da zona nobre da vila romana, localizada da periferia de Pompeia. Jaziam num corredor que dava acesso ao piso superior. Teriam escapado ao momento inicial da erupção das cinzas vulcânicas mas a explosão que se seguiu atingiu a cidade e as áreas circundantes não deixando sobreviventes.
Massimo Osanna, diretor do Parque Arqueológico de Pompeia, declara que a descoberta foi “verdadeiramente excecional” e acrescenta: "Foi possível não apenas criar moldes de sucesso das vítimas, mas também para investigar e documentar com as novas tecnologias as coisas que tinham com elas no momento em que foram atingidas e mortas pelos vapores ferventes da erupção".
Dario Franceschini, ministro italiano da Cultura, destacou a "importância de Pompeia como um lugar de estudo e pesquisa”.

Em 2017, as atividades arqueológicas na Civita Giuliana já tinham encontrado outras duas vítimas e restos de três cavalos atrelados.

Das campanhas arqueológicas resultam o somatório de evidências que permitem contar a possível história daquele momento fatídico.

Neste caso, atribui-se ao homem mais velho e melhor vestido uma condição social superior relativamente ao jovem.
 


Foto: Luigi Spina - EPA


Para ajudar a compreensão, têm sido feitos moldes a partir da memória das cinzas e do preenchimento dos espaços vazios deixados pela matéria orgânica.

As ruínas de Pompeia estão localizadas na região da Campânia e foram descobertas no séc. XVI. As primeiras escavações começaram em 1748 e, ao longo do tempo, já se resgataram mais de 1500 vítimas.

Esta cápsula do tempo costuma atrair cerca de quatro milhões de turistas por ano, mas atualmente está fechada devido à pandemia.
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