Ministro da Cultura destaca áreas culturais e "bom elenco" de autores em Guadalajara

por Lusa

Lisboa, 18 jun (Lusa) -- O ministro da Cultura destacou hoje a diversidade de áreas culturais e o "bom elenco de autores" portugueses que vão estar representadas na feira do livro de Guadalajara, num programa que foi todo construído "muito abaixo" do orçamento estimado.

Luís Filipe Castro Mendes comentava assim a importância da Feira Internacional do Livro (FIL) de Guadalajara 2018, da qual Portugal é o país convidado de honra, para política cultural externa do país, e revelava que a participação portuguesa no certame custou ao Estado perto de menos um milhão de euros, do que o inicialmente orçamentado, que rondava os 2,5 milhões.

Falando aos jornalistas à margem da cerimónia de apresentação oficial do programa de Portugal na FIL, o ministro sublinhou a "amplitude de áreas culturais que, sempre com o eixo no livro e na literatura, aparecem e vão estar em evidência em Guadalajara", apontando que esta é a uma das maiores feiras do livro do mundo, um lugar de encontro de toda a América Latina e dos Estados Unidos de língua castelhana.

A FIL Guadalajara tem mais de 30 anos de existência, é a maior feira do livro da América Latina e a segunda maior do mundo. Conta anualmente com mais de 800 mil visitantes repartidos pelos nove dias, mais de duas mil editoras de 47 países, e mais de 700 escritores de diferentes línguas.

"Vamos ter um pavilhão que mostra a riqueza do nosso património, do nosso turismo, a nossa música, conferências onde a nossa ciência irá fazer intercâmbio com instituições cientificas de lá".

Luís Filipe Castro Mendes elogiou as "exposições magníficas" que vão estar patentes, destacando uma de Almada Negreiros, em contraponto com a expressão modernista de José Clemente Orozco: "uns frescos extraordinários" do pintor mexicano que vão "dialogar" com as tapeçarias de Almada Negreiros.

Quanto ao programa literário da feira, o governante considerou que "o elevado número de escritores presentes mostra a grande representatividade, com destaque para as figuras de José Saramago e António Lobo Antunes, mas com figuras consagradas como Manuel Alegre, e até poetas mais jovens como Vasco Gato".

"Temos um bom elenco, uma boa escolha de autores. Nunca podem ir todos, mas temos uma boa escolha da ficção da poesia e da nossa melhor literatura contemporânea", defendeu o ministro.

Ao todo são 42 os autores de língua portuguesa que participam na FIL, quatro dos quais africanos (Mia Couto e Germano Almeida, José Eduardo Agualusa e Ondjaki) e cinco vencedores do Prémio Camões (António Lobo Antunes, Germano Almeida, Hélia Correia, Manuel Alegre e Mia Couto).

Entre os escritores de língua portuguesa presentes no certame contam-se ainda nomes como Hélia Correia, Dulce Maria Cardoso, João Tordo, José Luís Peixoto, Gonçalo M. Tavares, Afonso Cruz, Lídia Jorge, Maria do Rosário Pedreira, Isabela Figueiredo, Ana Luísa Amaral, João de Melo, Afonso Cruz, ou Teolinda Gersão.

Além do programa literário, está prevista uma mostra cinematográfica com 12 longas-metragens baseadas em livros de autores portugueses, de nove realizadores portugueses, um deles João Botelho, com três filmes - o realizador português que mais trabalhou temas da literatura, destacou a comissária da participação portuguesa na FIL, Manuela Júdice.

O programa abre com "Uma abelha na chuva", de Fernando Lopes, e encerra com "América", de João Nuno Pinto.

Na área musical, a organizadora destacou a participação de Ana Bacalhau, Camané, Capicua, Dead Combo e Luís Represas, entre outros, que farão espetáculos acompanhados por músicos mexicanos, como os cantores Lila Downs e Miguel Inzunza, e os grupos musicais Hello Seahorse e Los Tapatíos.

A dança portuguesa será representada pelo espetáculo "Lídia", de Paulo Ribeiro, pela Companhia Nacional de Bailado, e haverá ainda espaço para a apresentação de peças teatrais, demonstrações gastronómicas e espetáculos infantis.

O ministro da Cultura congratulou-se com o facto de todo este programa ter sido construído "muito abaixo" do orçamento inicialmente estimado, de 2,5 milhões de euros, já que todo o programa foi construído com um orçamento de 1,8 milhões de euros, 340 mil dos quais em contribuições de privados, revelou.

"Fomos poupadinhos e começámos com uma estimativa elevada para não termos surpresas desagradáveis, mas, graças aos organizadores", o orçamento ficou abaixo, disse, destacando o papel da "incansável" Manuela Júdice, pela sua "determinação e força enorme".

Para o ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, igualmente presente na cerimónia, "a língua, e cultura, portuguesa é um dos maiores recursos que Portugal tem no mundo, pelo que a sua participação neste certame serve dois grandes objetivos de política externa: o reforço da presença e interlocução com o México e toda a América Latina, e uma maior interação entre as produções portuguesas.

A organização deste evento serviu ainda, na perspetiva do governante, para fazer um exercício de priorização da lingua portuguesa, dando-lhe a prioridade que merece na política pública; um exercício de planeamento, mostrando inicitivas da nossa cultura no exterior; e um exercício de cooperação entre diferentes departamentos do Estado.

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