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Os Possessos levam crianças de um "novo mundo" ao palco da Culturgest

por Lusa

Crianças diferentes de todas as crianças e que, no limite, terão sido fabricadas em laboratório, estão no centro da peça "O novo mundo", que a companhia Os Possessos estreia, na quarta-feira, no grande auditório da Culturgest, em Lisboa.

"O novo mundo" fala de um centro de produção de crianças - os Serviços Não Especificados - que, além de ter aumentado os números de produção, ainda introduz fórmulas de diferenciação nos centros de incubação, de modo a "diversificar e melhorar" o resultado, explicou à Lusa Nuno Gonçalo Rodrigues, um dos autores da dramaturgia.

"Crianças que leem muito, muito intelectualizadas e sexualizadas, com o objetivo de obterem uma maior rede de contactos e que consigam outros mundos que não aquele em que vivem", explicou.

Sem qualquer contextualização temporal, estas crianças vão, porém, "iludir-se com a amplidão (das suas capacidades), mas também aperceber-se da aridez da vida fora da sala branca", precisou Nuno Gonçalo Rodrigues.

O objetivo deste estudo é descobrir se a liberdade, enquanto direito catalisador e diferenciador da massa, terá como resultado uma transfiguração deste mundo árido noutro mundo, indicou Gonçalo Rodrigues, um dos autores do texto.

Escrito com base em obras do chileno Roberto Bolaño, do norte-americano David Foster Wallace e da britânica Zadie Smith - dos três, a única autora viva -, a peça resulta de um convite que o ex-programador cultural da Culturgest Francisco Frazão fez ao coletivo Os Possessos, depois de ter visto "Marcha Invisível", o anterior trabalho realizado pelo grupo, estreado em março de 2017.

Questionar os sistemas sociais da sociedade atual são o intuito desta peça, onde são questionados temas como a religião, o tempo e a circularidade deste, observou ainda Nuno Gonçalo Rodrigues.

A relação com a cidade, com a dificuldade que as camadas mais jovens têm de trabalhar no mundo atual são outras das questões presentes em "O novo mundo".

Com 17 personagens em palco - uma das quais um músico -, apenas quatro não representam crianças, disse este coautor do texto.

"O novo mundo" acaba também, segundo Nuno Gonçalo Rodrigues por refletir a forma e o objetivo de trabalho de Os possessos que pretende "chegar a toda a gente, chamar toda a gente, e conseguir criar cada vez de forma mais sustentável".

Em cena até 30 de Junho, com espetáculos às 21h30, "O novo mundo" é um texto de Daniel Gamito Marques, João Pedro Mamede, Leonor Buescu, Miguel Ponte, Nuno Gonçalo Rodrigues e Tiago Lima.

A representá-lo vão estar André Pardal, Catarina Rôlo Salgueiro, David Esteves, Eduardo Breda, Filipa Matta, Francis Selleck, Guilherme Moura, Isabel Muñoz Cardoso, Marco Mendonça, Margarida Vila-Nova, Miguel Cunha, Nídia Roque, Nuno Gonçalo Rodrigues, Óscar Silva, Rafael Gomes, Vicente Wallenstein e o músico Fernão Biu.

A peça tem figurino de Os possessos, cenografia de Ângela Rocha, coreografia de Gonçalo Quirino e luz de João Cachulo.

"O novo mundo" é uma coprodução da Culturgest e teve o apoio de, entre outros, Fundação Gestão dos Direitos dos Artistas (GDA), dos Artistas Unidos, do Teatro Nacional D. Maria II e do Teatro Municipal do Porto.

Os Possessos são um coletivo fundado em 2013 por Catarina Rôlo Salgueiro, João Pedro Mamede e Nuno Gonçalo Rodrigues, que agora mais de vinte profissionais.

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