Parlamento manifesta pesar unânime pela morte da pintora Paula rego

por Lusa
Remy-Pierre Ribiere - Lusa

A Assembleia da República aprovou hoje, por unanimidade, um voto de pesar apresentado pelo presidente da Assembleia da República pela morte da pintora Paula Rego, em 8 de junho, em Londres, aos 87 anos.

O voto de Augusto Santos Silva - a cuja leitura assistiram nas galerias do parlamento uma familiar e a responsável pela Casa das Histórias, em Cascais - recorda Paula Rego como "figura maior da pintura contemporânea e uma das mais reconhecidas e premiadas artistas portuguesas".

Maria Paula Figueiroa Rego nasceu em Lisboa a 26 de janeiro de 1935, tendo mostrado desde muito jovem apetência para o desenho, o que a levou a ir estudar para Londres, no Reino Unido, país que a acolheu e onde viveria grande parte da sua vida.

Na capital britânica, estudou na Slade School of Fine Art, University College.

"A sua obra, que evoluiu de um estilo inicial mais abstrato para a pintura figurativa - área em que se elevou como expoente internacional - cruzou várias influências, que incluem a literatura, o cinema e o teatro, destacando-se as suas pinturas e gravuras inspiradas em contos populares portugueses e ingleses e livros de histórias", destaca o texto.

No voto, refere-se que a sua obra "reflete de forma indelével um compromisso com o feminismo e a luta contra a opressão, a desigualdade e a injustiça que afeta de forma grave as mulheres, podendo vários quadros seus serem vistos como autênticos manifestos contra o preconceito, a dominação e a indiferença"

"Os assuntos que tratava eram eminentemente políticos, no sentido mais amplo e nobre do tema, interpelando-nos a todos, por vezes de forma crua, tendo sabido explorar os nossos sonhos, os nossos medos, as nossas histórias, a nossa condição", realça-se.

Em Portugal, a artista foi objeto de múltiplos prémios e distinções, como a Grã-Cruz da Ordem Militar de Sant`Iago da Espada, em 2004, o Grande Prémio Amadeo de Souza-Cardoso, em 2013, ou a Medalha de Mérito Cultural, atribuída, em 2019, pelo Governo.

Em 2009, foi inaugurado a Casa das Histórias, em Cascais, museu que recebeu parte da sua obra. Em 2005, Paula Rego foi escolhida pelo antigo Presidente da República Jorge Sampaio para fazer o seu retrato oficial, sendo a primeira mulher a figurar na galeria de pintores oficiais da Presidência da República.

Fora de fronteiras, onde expôs ao lado dos mais reconhecidos artistas mundiais, foi distinguida, por exemplo, em 1989, com o Prémio Turner, e, em 2010, com a Ordem do Império Britânico com o grau de Oficial, pela Rainha Isabel II, pela sua contribuição para as artes.

"Paula Rego era uma pintora singular, cuja voz irá fazer muita falta. O luto nacional decretado pelo Governo assinala a importância da artista e da sua obra, refletindo a dimensão desta perda", refere o voto, no qual se endereçam condolências à família e amigos da pintora.

No dia 10 de Junho, Marcelo Rebelo de Sousa anunciou em Londres, onde esteve por ocasião das comemorações do Dia de Portugal, que vai condecorar a título póstumo a pintora Paula Rego com o Grande Colar da Ordem de Camões, distinção que será formalmente entregue em Lisboa.

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