Participação de Salvador Sobral na Eurovisão é "feliz bofetada", afirma Paulo de Carvalho

por Lusa

Lisboa, 11 mai (Lusa) - O músico português Paulo de Carvalho considera a participação de Salvador Sobral no Festival Eurovisão da Canção uma "feliz bofetada", já que o concurso "não tem conserto há muitos anos", disse à agência Lusa.

Paulo de Carvalho, quase a completar 70 anos, participou em várias edições do Festival RTP da Canção, tendo vencido em 1974 com "E depois do adeus", a música que o deixou em último lugar na Eurovisão, mas que faz parte da história portuguesa por ter sido uma das senhas da revolução de Abril de 1974.

O músico diz que perdeu o interesse em ver o Festival da Canção, mas elogia a participação portuguesa deste ano: "Acho que aquilo não tem nada a ver com música na maioria dos casos. Este ano levamos esta feliz bofetada e ainda bem. É uma música muito bonita, muito bem cantada, por uma pessoa que, à parte um bom músico, é uma grande pessoa".

Salvador Sobral, 27 anos, representará Portugal na final do Festival Eurovisão da Canção, no sábado em Kiev, com o tema "Amar pelos dois", composto por Luísa Sobral e que o transformou num fenómeno na Internet.

Paulo de Carvalho desvaloriza a importância do festival, referindo que "concursos são concursos" e "não é por ganhar ou perder este que ele [Salvador Sobral] vai ficar melhor ou pior".

"Eu penso que lhe puseram em cima dos ombros, aqui, um peso que não deveria ter. Em 74 com `E depois do adeus` tive um peso tão grande ou maior do que esse. Aquilo é muito complicado, ter que ganhar, não ter que ganhar, perder. Lá fora [eu] estava completamente à vontade", recordou.

Autor de mais de 300 canções, muitas para a voz de outros intérpretes, Paulo de Carvalho diz que rejeitaria compor para uma futura edição do festival.

"Aquilo não tem remédio. Pode haver momentos assim como este, bonitos, mas o festival não tem conserto há muitos anos. Podem inventar o que quiserem, aquilo não tem conserto, já foi. Já tenho idade para não dizer nunca, mas não", sublinhou em entrevista à agência Lusa.

 

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