Patrícia Lestre prepara disco a solo após oito anos de aprendizagem em Paris

por Lusa

Paris, 01 dez (Lusa) -- Em Paris desde os 17 anos, Patrícia Lestre começou no violino, passou para o `jazz`, encheu "a bagagem de muitas outras artes", preparando-se para a estreia a solo com o álbum "Pisco de peito ruivo", marcada para 2019.

Em entrevista à Lusa, a artista nortenha de 25 anos recordou o trajeto na música que começou aos 13 anos, na Escola Profissional de Música de Espinho, mudando-se para a capital francesa para concretizar um "sonho de menina", alcançado à primeira tentativa, ingressando na Shola Cantorum, para estudar o violino clássico, onde ficou apenas um ano.

"Cheguei a um ponto em que o clássico já não me deixava vibrar da mesma forma, sentia-me nervosa sempre que pisava o palco. Depois mudei para `jazz`, conheci um violinista que disse que me dava aulas, então parei a música clássica e passei a ter aulas com ele. Acabou por ser complicado, então fiz de `fille au pair`", relatou sobre os primeiros tempos fora de Portugal.

`Fille au pair` consiste em ficar em casa de uma família francesa, trabalhando todos os dias "para as crianças que estão lá em casa, [ir] buscá-los à escola, fazer a comida", arrecadando 80 euros por semana.

"Teoricamente é bonito porque há uma mistura de culturas que pode resultar bem. Aprendi todo o meu francês com uma miúda de cinco anos. Acabei por ficar nessa família por um ano, ao mesmo tempo que fazia isso durante o dia, também estudei `jazz` à noite, na escola Arpej, durante um ano. Comecei a conhecer muita gente, no segundo ano já andava a cantar em todo o lado", recordou.

Nos três anos seguintes ingressou na universidade CFMI-Orsay (Centro de Formação de Músicos Intervenientes), na qual encheu a "bagagem de muitas outras artes, tudo direcionado para a pedagogia", obtendo o diploma universitário de músico interveniente (DUMI), que lhe possibilita dar aulas a miúdos e graúdos, tanto em França como em Portugal, atividade que exerce agora, em Paris.

"Comecei a dar aulas para conseguir sobreviver aqui, agora dou aulas e faço concertos. Ainda não testei se a minha música, ou a forma que tenho de fazer música, consegue iluminar o pessoal português como o francês. As minhas letras são em português, o público que viso somos nós [portugueses]. Vai ser uma questão de tempo, sei que, no próximo ano, a partir de fevereiro, vou passar mais tempo em Portugal", afiançou.

Neste momento, os estudos estão em suspenso, porque só "quer fazer música", aproveitando para se focar no projeto a solo e no grupo de música brasileira A Banda, com o qual já editou um disco. Fez ainda parte do trio vocal de música argentina Las Famatinas, formado por Nicolas Colacho Brizuela, guitarrista de Mercedes Soza.

"No meu concerto a solo tenho ukelele, guitarra, violino, toco de tudo. Passo de instrumento em instrumento e tenho muitos convidados. Vou acabar esta `tournée` em Portugal, na Casa do Ló [27 de dezembro] e vou ter convidados. A primeira parte do concerto faço sozinha, na segunda parte tenho muita gente a vir tocar comigo", contou.

Apesar de equacionar um regresso a terras lusitanas, Patrícia garantiu que não vai deixar de visitar França, porque já comeu "demasiado queijo e é muito bem", mas confessou sentir uma "grande vontade em partilhar tudo" o que está a fazer com as pessoas de Portugal, onde tem em vista um novo projeto intitulado "Fado Mimado", que a vai obrigar a passar mais tempo no país de origem.

"Isso vai-me obrigar a fazer 50/50 de tempo entre aqui e Portugal, esse é o meu objetivo, até porque quero lançar o álbum a solo, que vai ter dois lados. Uma parte está a ser gravada no Porto e outra aqui. Tenho convidados dos dois lados e vai ser o resumo do que vivi até agora", sintetizou.

O disco vai conter músicas antigas, dos primeiros anos da portuguesa em Paris, mas também composições recentes, com o lançamento apontado para antes do verão de 2019, para depois continuar a escrever e a compor mais.

"O meu objetivo final em relação à música é fazê-la com as pessoas que mais gosto e conseguir viver disso. Vivi toda a minha vida sem ter muito dinheiro, não acho que seja a maneira real de viver. Se conseguir com o álbum -- que é uma carta de visita para sítios maiores -- partilhar a minha música, quero encher concertos e tocar com o meu pessoal e quem está na plateia. O meu objetivo é tocar e partilhar, acho que não tenho mais nada para fazer nesta vida", concluiu.

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