Paulo Ribeiro tem dois projetos com Companhia Nacional de Bailado até 2019

por Lusa

O coreógrafo Paulo Ribeiro, cuja demissão da Companhia Nacional de Bailado (CNB) foi hoje anunciada, tem ainda dois projetos a concretizar até 2019, de acordo com o Organismo de Produção Artística (Opart), que tutela esta entidade.

Num comunicado divulgado na sequência do anúncio da demissão de Paulo Ribeiro, e da sua substituição por Sofia Campos, o presidente do Opart, Carlos Vargas, destacou o trabalho do coreógrafo à frente da companhia, desde 2016, e recorda que este irá continuar a colaborar com a CNB, através de dois projetos.

"A companhia irá apresentar `Lídia`, uma obra de sua autoria, no México, em novembro de 2018, integrada na programação da Feira do Livro de Guadalajara, ficando ainda agendada uma nova criação sua, em coprodução com o Théâtre National de Chaillot, em Paris, para novembro de 2019", indica o Opart no comunicado hoje divulgado.

O diretor da CNB demitiu-se, por "decisão pessoal", sem enumerar os motivos, e será substituído por Sofia Campos, em setembro, anunciou hoje o Ministério da Cultura.

No comunicado do Opart, Carlos Vargas agradece - em nome do Opart e da CNB - "toda a colaboração, dedicação e empenho do coreógrafo durante o período em que desempenhou as funções de diretor artístico da companhia".

Carlos Vargas sublinha que Paulo Ribeiro, durante o exercício das suas funções, "desenvolveu diversos projetos que contribuíram para a evolução da companhia, como a aposta na internacionalização da CNB, quer através das peças programadas, quer através dos diversos contactos com programadores internacionais".

Este investimento resultou em convites, por parte destes agentes, que levarão a CNB, num futuro breve, em digressão internacional, acrescenta, no comunicado.

Carlos Vargas destaca também "a contribuição de Paulo Ribeiro no desenho do novo projeto dos Estúdios Victor Córdon, que hoje se apresentam como uma aposta no desenvolvimento do ensino da dança e da criação coreográfica".

A 27 de março deste ano, porém, numa manifestação de trabalhadores da CNB e do Teatro Nacional de São Carlos, que também é tutelado pelo Opart, no Palácio da Ajuda, André Albuquerque, do CENA-STE (Sindicato dos Trabalhadores de Espetáculos, do Audiovisual e dos Músicos), tinha revelado à agência Lusa que havia preocupações com a missão artística da CNB.

Na altura, o dirigente sindical afirmou que a situação na CNB era difícil porque teve conhecimento de que "o relacionamento entre os artistas e a direção artística" se tinha "degradado nos últimos tempos".

De acordo com André Albuquerque, os bailarinos defendiam que a companhia nacional tinha de "dançar mais clássicos", preocupação que tinha sido transmitida pelo CENA/STE à tutela, que, por seu turno, dizia estar a acompanhar a situação.

"Há já uma alteração de posição da tutela em relação à situação transmitida em novembro, porque, nessa altura, não havia salas com 40 ou 50 espetadores, e aconteceu neste último programa da companhia", indicou o dirigente sindical.

"Esperamos que essa situação seja alterada na próxima programação", disse ainda André Albuquerque, defendendo que os trabalhadores da casa devem ter uma palavra maior a dizer sobre a definição artística da programação, alteração que, segundo disse, "a tutela vê com bons olhos".

Contactada pela agência Lusa, na altura, para uma reação da direção artística, da responsabilidade do coreógrafo Paulo Ribeiro, a esta situação, fonte da comunicação da CNB respondeu: "O diretor artístico não comenta".

Paulo Ribeiro, 58 anos, nascido em Lisboa, é reconhecido como um dos destacados nomes da geração da Nova Dança Portuguesa, e fundou a própria companhia em 1995, tendo sido o último diretor artístico do Ballet Gulbenkian, entre 2003 e 2005, antes da extinção daquela estrutura.

Quando foi convidado para a CNB desempenhava as funções de diretor-geral e de programação do Teatro Viriato, em Viseu, que tinha assumido em 1998.

Começou por fazer carreira como bailarino em várias companhias belgas e francesas, e a estreia, enquanto coreógrafo, deu-se em 1984, em Paris, no âmbito da companhia Stridanse, da qual foi cofundador.

De regresso a Portugal, em 1988, começou por colaborar com a Companhia de Dança de Lisboa e com o Ballet Gulbenkian, também em Lisboa.

Sofia Campos, que exercia desde janeiro de 2015 as funções de vogal do conselho de administração do Teatro Nacional D. Maria II, irá assumir as funções na direção artística da CNB a partir de 01 de setembro, de acordo com a tutela.

Tópicos
pub