Pilar del Río recorda palavras de José Saramago sobre Agustina Bessa-Luís

por Lusa

Pilar del Río, que preside a Fundação José Saramago, fala num sentimento de "orfandade" com a morte da escritora Agustina Bessa-Luís, hoje aos 96 anos, recordando palavras do Prémio Nobel da Literatura sobre a autora de "A Sibila".

Pilar del Río, em declarações à Lusa, destacou que a "grande escritora" Agustina Bessa-Luís "dinamizou a Cultura de Portugal com a sua obra, com a sua personalidade, com as suas declarações, que tinha uma voz própria e uma obra esplêndida".

"Remeto-me ao que disse José Saramago sobre o que ela escreveu: que se há em Portugal um escritor que participe da natureza do génio, é Agustina Bessa-Luís", afirmou.

Da obra da escritora, da qual leu vários livros, Pilar del Río partilhou que a primeira que a marcou, "que foi como um golpe", foi "A Sibila", de 1954, que lhe valeu os prémios Delfim Guimarães e Eça de Queiroz.

A responsável máxima da Fundação José Saramago lembrou que, embora fosse público o estado de saúde de Agustina Bessa-Luís, "não é o mesmo saber que está ou que não está".

A escritora, que nasceu em 15 de outubro de 1922, em Vila Meã, Amarante, encontrava-se afastada da vida pública, por razões de saúde, há cerca de duas décadas.

"Agustina estava na situação em que estava, mas estava, e a partir de hoje sabemos que não está, e isso é outra coisa, e é duro, é uma orfandade que se sente, que eu sinto", partilhou.

Agustina Bessa-Luís morreu hoje, aos 96 anos, no Porto, disse à Lusa fonte da família.

A cerimónia fúnebre da escritora decorrerá na terça-feira, na Sé Catedral do Porto, seguindo depois para o cemitério do Peso da Régua, Vila Real, onde será sepultada "na intimidade da família", revelou hoje o Círculo Literário Agustina Bessa-Luís.

O Governo decretou um dia de luto nacional, para terça-feira.

O nome de Agustina Bessa-Luís destacou-se em 1954, com a publicação do romance "A Sibila".

Além dos prémios Delfim Guimarães e Eça de Queiroz, que recebeu com "A Sibila", foi distinguida com o Grande Prémio de Romance e Novela, da Associação Portuguesa de Escritores, em 1983, pela obra "Os Meninos de Ouro", e em 2001, com "O Princípio da Incerteza I - Joia de Família".

Foi distinguida pela totalidade da sua obra com o Prémio Adelaide Ristori, do Centro Cultural Italiano de Roma, em 1975, e com o Prémio Eduardo Lourenço, em 2015.

Sobre Agustina, o ensaísta Eduardo Lourenço disse, em declarações à Lusa, no final da cerimónia da entrega do prémio com o seu nome, que é uma autora "incomparável", a "grande senhora das letras portuguesas".

Em 2004, Agustina recebeu os Prémios Camões e Vergílio Ferreira.

Foi condecorada como Grande Oficial da Ordem de Sant`Iago da Espada, de Portugal, em 1981, elevada a Grã-Cruz em 2006, e o grau de Cavaleiro da Ordem das Artes e das Letras, de França, em 1989, tendo recebido a Medalha de Honra da Cidade do Porto, em 1988.

Questionada sobre o que escrevia, a autora disse, num encontro na Póvoa de Varzim: "É uma confissão espontânea que coloco no papel".

 

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