Um projeto desenvolvido na Covilhã, distrito de Castelo Branco, vai levar ao palco histórias de vítimas de violência doméstica, num espetáculo dramatúrgico e performativo que estreia na quinta-feira, Dia Internacional pela Eliminação da Violência Contra as Mulheres.
Produzido pela Quarta Parede, o espetáculo tem um guião desenvolvido a partir de textos autobiográficos de mulheres sobreviventes de violência doméstica e de género que participam no projeto "Rasgar Silêncios", promovido numa parceria entre a Coolabora, a Câmara Municipal da Covilhã, a Quarta Parede e a Universidade da Beira Interior (UBI).
A ser desenvolvidas desde março de 2019, as oficinas de escrita autobiográfica já integram 36 mulheres, que recorreram à escrita como ferramenta para lidar com memórias e experiências traumáticas.
"É um projeto que procura contribuir para o combate do silêncio e da indiferença em situações de violência doméstica. Falámos do silêncio das vítimas e também da indiferença da sociedade", apontou Sílvia Ferreira Pinto, diretora artística do espetáculo.
Segundo explicou, este é um espetáculo que cruza teatro, sonoplastia, luz e vídeo, e que procura "proximidade" com o público, no sentido de gerar "empatia", e que tenta que o espetador se coloque no lugar daquelas mulheres, mostrando o impacto que a violência doméstica tem na vida das pessoas e na sociedade.
A peça retrata diferentes formas de violência (física, psicológica, sexual, financeira e até virtual) e diferentes mulheres, "para que fique bem claro que a violência doméstica não tem classe, não tem idade ou escolaridade", frisou Sílvia Pinto Ferreira.
"Estamos a falar de uma grande diversidade de mulheres da atualidade, mas também de outros tempos, porque a violência sobre a mulher está enraizada", acrescentou.
Apesar de ter como base histórias reais, o trabalho de criação teve a preocupação de assegurar o anonimato das vítimas, sublinhou Graça Rojão, presidente da Coolabora.
O espetáculo vai estrear na quinta-feira, no auditório do Teatro das Beiras, às 21:30. Contará ainda com duas apresentações para o público escolar acima dos 14 anos, que decorrem no dia 26 de novembro, às 11:00 e às 15:00.
Além da peça, o projeto mantém-se com as oficinas de escrita e, até fevereiro de 2022, conta com financiamento do Programa Cidadãos Ativ@s, gerido em Portugal pela Fundação Calouste Gulbenkian em parceria com a Fundação Bissaya Barreto.