Reaparece em galeria de arte de Tel Aviv um trabalho de Banksy roubado na Palestina

por RTP
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Banksy pintou Slingshot Rat num bloco de cimento próximo de Belém, e o trabalho logo se tornou uma atracção turística e uma forma de solidariedade do artista com o povo dos territórios palestinianos ocupados. Depois, o bloco de cimento foi roubado e apareceu agora numa galeria de arte em Tel Aviv.

Jeries Qumsieh, um porta-voz do Ministério do Turismo palestiniano, comentou o facto sem contemplações: "Isto é um roubo de propriedade do povo palestiniano. Estas eram pinturas feitas por um artista internacional para Belém, para a Palestina e para visitantes de Belém e da Palestina. Portanto, transferi-las, manipulá-las e roubá-las é sem dúvida um acto ilegal".

A Convenção de Haia, de 1954, sobre património cultural, proíbe às potências ocupantes a retirada de património cultural de territórios ocupados. Israel é um dos Estados signatários dessa Convenção, mas a sua conivência com o desaparecimento e posterior reaparecimento do trabalho de Bansky oferece poucas dúvidas.

Para além das perguntas que ficam por responder por parte da galeria de arte, há ainda o facto notório de que o bloco de cimento teve de ser transportado de Belém para Tel Aviv passando por check points israelitas.

Banksy tem deixado a sua marca com frequência nos territórios palestinianos ocupados, manifestando com eles a sua solidariedade para com a população local. Já antes foram roubados dois desses trabalho, Wet Dog e Stop and Search, ambos realizados em Belém, e depois comprados por galerias dos EUA e do Reino Unido e expostos por elas em 2011.

Quanto a Slingshot Rat, é uma pintura a stencil que foi feita em 2007 sobre um bloco de cimento de um posto militar israelita abandonado, próximo da cidade palestiniana de Belém. Algum tempo depois, a pintura apareceu vandalizada por alguém que sobre ela escreveu “RIP Banksy Rat”. E, depois, finalmente, foi roubada por desconhecidos.

O marchand d'art israelita  Koby Abergel, a quem a galeria de Tel Aviv diz ter comprado a pintura, declarou, por sua vez, tê-la comprado a alguém que a comprou a palestinianos que a tinham em seu poder até ao princípio de 2022. 

No entanto, e ainda à luz da Convenção de Haia, a compra de propriedade pública a palestinianos - se foram palestinianos - que eventualmente a tenham roubado não isenta as autoridades do crime de receptação nem do crime de transferência de património cultural dos territórios ocupados.
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