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Recinto de fossos pré-históricos no Baixo Alentejo afetado por trabalhos agrícolas

por Lusa

Um dos maiores recintos de fossos pré-históricos conhecidos no Baixo Alentejo, situado no concelho de Beja, foi afetado por trabalhos agrícolas para instalação de um olival, sem ter havido salvaguarda do património, denunciou hoje o movimento Chão Nosso.

Trata-se do sítio arqueológico da Salvada 10, que está situado junto à aldeia de Salvada, no concelho de Beja, e "é um dos maiores recintos de fossos pré-históricos conhecidos no Baixo Alentejo", refere o Movimento Chão Nosso, num comunicado enviado à agência Lusa.

Em declarações à Lusa, o arqueólogo Miguel Serra, do movimento, disse que o povoado, que está referenciado no Plano Diretor Municipal de Beja como "tendo elevado valor arqueológico", foi "alvo de ripagens" para instalação de um olival intensivo, e "sem que tenha havido qualquer ação de salvaguarda do património existente".

No local do povoado afetado pelas ripagens, "observam-se as valas abertas no solo e a presença de materiais arqueológicos revolvidos pela maquinaria", frisou, referindo que "não é possível aferir o grau de afetação provocado pelos trabalhos agrícolas, sem se proceder a uma avaliação arqueológica".

O movimento frisa que o sítio já tinha sido alvo de afetações em 2017, num caso que "mereceu denúncia na comunicação social e levou à implementação de medidas de avaliação dos danos decretadas pela Direção Regional de Cultura do Alentejo" (DRCA).

Segundo Miguel Serra, os trabalhos agrícolas que provocaram a nova afetação foram efetuados por uma empresa e numa propriedade e zona do sítio diferentes das de 2017.

A DRCA já tem conhecimento da situação e está a acompanhá-la, disse o arqueólogo, referindo que desconhece que medidas já foram tomadas e se já foi feita a avaliação do grau de afetação do sítio por aquela entidade.

O povoado da Salvada 10 foi detetado em 2012, durante a realização de um estudo de impacto ambiental para a Empresa de Desenvolvimento e Infraestruturas do Alqueva, "levando inclusivamente a alterações de projeto para evitar impactos negativos nos vestígios arqueológicos", recorda o movimento.

A Lusa contactou hoje a diretora regional de Cultura do Alentejo, Ana Paula Amendoeira, que solicitou o envio de questões sobre o assunto por correio eletrónico, aguardando resposta.

O Movimento Chão Nosso foi criado "em defesa da cultura, património e biodiversidade do Alentejo", por um conjunto de residentes na região preocupados com as alterações surgidas nas últimas décadas na paisagem, devido à agricultura intensiva.

A recente destruição de uma anta numa herdade perto de Évora, supostamente por causa da plantação de um amendoal intensivo, está a ser investigada pelo Ministério Público, revelou hoje a Procuradoria-Geral da República (PGR), depois de a direção regional ter apresentado queixa-crime.

Na quinta-feira, a comissão parlamentar de Cultura e Comunicação vai votar um requerimento do grupo parlamentar do Bloco de Esquerda, solicitando a audição da diretora Regional da Cultura do Alentejo, "sobre o abandono e a destruição sistemática" de vestígios arqueológicos, na região.

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