Terras Sem Sombra premeiam Alberto Zedda, Campo Arqueológico de Mértola e fundação alemã

por Lusa

O maestro Alberto Zedda, o Campo Arqueológico de Mértola e fundação alemã Schloss Dyck são os distinguidos com o Prémio Internacional Terras Sem Sombra 2017, foi hoje divulgado.

O Prémio Internacional Terras Sem Sombra, que distingue personalidades ou entidades que se tenham evidenciado nas áreas da Música e da Defesa do Património Cultural, e na Salvaguarda da Biodiversidade, é entregue no próximo sábado, no auditório da Administração do Porto de Sines, numa cerimónia com o presidente do Forum Soria 21, Amalio de Marichalar, que se tem destacado "pelo seu contributo para a causa do desenvolvimento sustentável", refere a organização do Festival Terras Sem Sombra, que concede o galardão.

Na área da Música é distinguido, a título póstumo, o maestro italiano Alberto Zedda, falecido a 06 de março último, aos 89 anos, que se destacou como diretor de orquestra e musicólogo, pela interpretação do repertório italiano do século XIX, em particular de Gioachino Rossini, segundo o júri.

Discípulo do maestro Carlo Maria Giulini, Zedda estreou-se em 1956 com a ópera "O Barbeiro de Sevilha" e "triunfou nos principais palcos do mundo", tendo dirigido a Deutsche Oper, em Berlim, e o Teatro alla Scala, em Milão.

"Zedda fez parte de uma geração de `maestros-estrela` que ajudou a divulgar e democratizar, sem concessões, o gosto pela ópera. Nunca se deixou ofuscar pelas luzes da ribalta, cultivando o bel canto com uma visão aberta à sociedade", destacou o júri.

O maestro dirigiu, no Festival Terras sem Sombra, em abril do ano passado, uma versão da "Petite Messe Solennelle", de Rossini, na igreja matriz de Santiago do Cacém, no Baixo Alentejo.

"Cultíssimo e de talante humanista, o maestro italiano apadrinhou, em 2016, a causa da defesa do antigo convento de N. S. do Loreto, nas imediações desta cidade alentejana, um monumento franciscano do século XV, propriedade do Estado, cujas ruínas vêm sendo utilizadas como estábulo, pondo em causa a sobrevivência de um local de interesse patrimonial e paisagístico", destaca o júri.

Na área da Defesa do Património Cultural, o distinguido é Campo Arqueológico de Mértola (CAM), que é apontado como um "exemplo", pelo trabalho desenvolvido "entre ciência, cultura e desenvolvimento".

O CAM, realça o júri, é "fruto da visão estratégica do arqueólogo Cláudio Torres para a sustentabilidade de territórios de baixa densidade".

Constituído em 1978, o CAM é uma associação cultural e científica que tem por objetivo fomentar o levantamento, estudo e investigação dos bens arqueológicos, etnográficos e artísticos da região de Mértola, no Baixo Alentejo, visando a sua conservação e salvaguarda.

O CAM "concilia a investigação científica com um programa museográfico, o projeto Mértola Vila Museu", refere o júri, que realça ainda o seu programa editorial, com mais de 50 títulos publicados, e as exposições temporárias e permanentes, a organização de congressos e reuniões científicas, as acções de educação patrimonial e o seu plano de formação.

O Prémio Internacional Terras Sem Sombra na área da Biodiversidade será entregue à Fundação Schloss Dyck, em Juchen, na região alemã do Baixo Reno, que, segundo o júri, é uma "instituição de referência para a biodiversidade nos jardins históricos".

O `castelo-palácio` de Schloss Dyck foi sede da dinastia principesca de Salm-Reifferscheidt-Dyck, tendo sido construído no século XVII, sobre quatro ilhas, e o seu parque sido desenhado pelo arquiteto paisagista escocês Thomas Blaikie.

Na década de 1990, a herdeira da propriedade, a condessa Marie Christine Metternich, instituiu uma fundação, que visa "garantir o futuro deste notável património, tornando-o a sede de um centro de Arte dos Jardins e de Arquitetura Paisagística.

A Stiftung Schloss Dyck tem-se "destacado, em termos internacionais, na salvaguarda dos jardins históricos, cruzando-a com o planeamento urbano, a proteção da paisagem e a promoção da biodiversidade", segundo o júri, que realça dever-se-lhe a criação do International Institute for Garden Art and Landscape Design e da European Garden Network.

Na cerimónia de sábado à tarde, numa homenagem ao maestro italiano, atuam a sua neta, a pianista Valentina Kaufman Zedda, e o Coro Juvenil de Lisboa.

Valentina Kaufman Zedda, de 16 anos, iniciou os estudos de piano em Nova Iorque e prosseguiu-os em Itália, na Accademia Pianistica Internazionale, de Imola, e no Conservatorio di Musica Giuseppe Verdi, de Milão. Aperfeiçoa actualmente a formação em Lugano, no Conservatorio della Svizzera Italiana, sob a direcção de Anna Kravtchenko.

O Coro Juvenil de Lisboa é residente no Teatro Nacional de São Carlos, em Lisboa, com o qual tem colaborado desde a sua formação, em 2011, pelo maestro Nuno Margarido Lopes, e tem atuado com a Orquestra Metropolitana de Lisboa e a Sinfónica Portuguesa, e com solistas como a soprano Elisabete Matos, o barítono Juan Pons e o tenor Aquiles Machado.

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