CR7: "O que se passa comigo não vai abalar o plantel"

por RTP

Foto: José Sena Goulão - Lusa

Cristiano Ronaldo foi presença surpresa esta segunda-feira na conferência de imprensa da seleção, no terceiro dia no Catar.

A presença do jogador ganha importância após a entrevista concedida sobre o Manchester United e sobre o "timing" dessa conversa afirmou: "Timing é sempre timing. Do vosso lado é fácil ver como podemos escolher os timings. Às vezes vocês escrevem verdades, às vezes escrevem mentiras. Não preciso de me preocupar com o que os outros pensam. Eu falo quando quero. Todo a gente sabe quem eu sou e no que acredito. Não vai influenciar o que a Seleção quer. Staff, roupeiros... Todos me conhecem desde os 11 anos. Todos querem muito esta competição, todos querem jogar, que é algo que gosto de ver, a ambição é muito alta. Não só este episódio que ocorreu comigo, mas outros episódios poderão abalar o próprio jogador, mas não vai abalar o plantel".

 
Questionado sobre a RTP sobre o que tem a demonstrar neste Mundial referiu: "Se tivesse de demonstrar algo com 37 anos e 8 meses… Estaria preocupado. Depois do que eu já fiz e já ganhei, seria uma surpresa para mim. Claro que tenho de demonstrar o que sou ano após ano, opiniões toda a gente tem, mas será o Mundial a competição mais importante? Sim, das mais, é um sonho ganhar, mas se não ganhassem mais nenhum troféu estaria orgulhoso".

Questionado sobre a foto com Messi a jogarem uma partida de xadrez, numa campanha da Louis Vuitton frisou: "Será o meu quinto Mundial, estou focado e extremamente confiante que vai correr bem. Xeque-mate vamos fazendo na vida, não é só no xadrez. Gostava de ser eu a fazer o xeque-mate contra o Messi. Vamos ver. Seria bonito. Já que aconteceu num jogo de xadrez, no futebol seria mais".

CR7 garante que nada se passou com Bruno Fernandes, isto após a polémica criada em torno das imagens da chegada do médio, seu colega do Man. United, à concentração da seleção nacional, onde terá cumprimentado o capitão de Portugal de forma mais fria. "Foi mais uma que, infelizmente, nos correu mal. A minha relação com ele é excelente, o avião dele chegou tarde e eu perguntei se ele tinha vindo de barco. Tal como o Cancelo, que após uma entrada mais dura sobre o Félix, eu agarrei-lhe no pescoço e disse, ‘Então pá? bora lá!’. O ambiente na seleção é excelente. Não há problemas. O grupo está blindado. E aproveito para terminar: não perguntem por mim. Não é preciso falar mais de mim. O meu caso está encerrado. Se alguém me perguntasse do Rafa, por exemplo, eu não respondia. O selecionador já falou desse tema. Gostava que fizessem isso para a seleção estar melhor. Perguntei coisas sobre os jogadores e sobre a seleção", comentou antes do treino da formação das quinas, no centro de Al Shahaniya.

Será que Portugal é favorito ao ouro? O futebolista realçou: "Acredito que temos um potencial enorme. Eu e o staff. De ganhar… isso já veremos. Eu acredito que sim, tenho essa esperança e feeling. Há, no entanto, que pensar com calma, pensar no primeiro jogo, na minha opinião o mais difícil, contra o Gana. Queremos começar bem, com o pé direito, para ganhar confiança. A partir daí, é ir devagarinho".

Sobre a confiança no seio da seleçãodisse "Veremos no final, mas eu acredito que sim, que podemos ser a melhor seleção. Esta geração é muito boa, com um potencial enorme, uma seleção jovem. Sabemos que a exigência é muito grande, mas temos de pensar no primeiro jogo, para começar a ganhar confiança".

O capitão e os recordes

O capitão da seleção portuguesa disse ainda que não olha a recordes, mas admitiu que seria bonito ultrapassar uma das marcas de Eusébio.

O antigo avançado continua a ser o jogador português com mais golos em mundiais, tendo assinado nove tentos na edição de 1966, a única que disputou. Já Ronaldo conta com sete golos em quatro fases finais (2006, 2010, 2014 e 2018), podendo ultrapassar o "king" no Catar.

"Pode parecer vaidade, mas não sigo recordes. Seria muito bonito bater o recorde do nosso Eusébio. Seria especial, mas, sinceramente, não me tira o sono. Se ganhássemos a competição e eu não marcasse qualquer golo, ficaria feliz na mesma", referiu.


Apesar de se preparar para disputar o quinto Campeonato do Mundo da carreira, Ronaldo, de 37 anos, rejeitou sentir responsabilidade acrescida nesta fase da carreira.

"A responsabilidade é sempre igual, desde os 11 anos, em que saí de casa para ir para Lisboa [para jogar na formação do Sporting]. Sinto-me uma pessoa mais observada do que todas as outras, mas a responsabilidade tenho-a sempre, seja como amigo, como pai, como jogador. Gosto de ter essa responsabilidade. A pressão é quase sempre a mesma. Às vezes lido bem, outras lido mal, não sou perfeito. Sinto-me preparado para assumir as responsabilidades", asseverou.

A estreia de Portugal no Grupo H está marcada para quinta-feira, diante do Gana, no Estádio 974, em Doha, antes de defrontar o Uruguai, em 28 novembro, e a Coreia do Sul, de Paulo Bento, em 2 de dezembro.

A 22.ª edição do Campeonato do Mundo decorre até 18 de dezembro, no Catar.
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