O cofundador da Altice responde às críticas sobre os negócios do grupo francês em Portugal. Armando Pereira diz que "muitas vezes o Governo português não vê essa importância", falando sobre o investimento anunciado na semana passada. "Penso que não gostam de nós", disse o responsável da empresa. No entanto, insiste que vai continuar a investir porque é português.
O call center vai criar 300 postos de trabalho. Trata-se de um investimento global que ultrapassa um milhão de euros e que é financiado em parte pela EDP Gestão da Produção de Energia.
Armando Pereira garantiu que o investimento em Portugal vai continuar, mesmo que por vezes pareça que "não gostam" do grupo que comprou a PT Portugal e que anunciou na semana passada um acordo com os espanhóis da Prisa para a compra da Media Capital.
"A Altice investe em Portugal de uma maneira muito importante. Na semana passada aconteceu uma coisa importante aqui em Portugal, mas penso que, muitas vezes, o Governo português não vê essa importância", criticou.Natural de Guilhofrei, Vieira do Minho, Armando Pereira vincou que vai continuar a investir na sua terra e no seu país.
Em 14 de julho, o grupo Altice anunciou que chegou a acordo com a Prisa para a compra, por 440 milhões de euros, da Media Capital SGPS, SA, que detém a TVI.
Alguns partidos já pediram ao Governo português para travar o negócio.
Armando Pereira disse não entender esta oposição ao negócio, mas garantiu que o grupo Altice vai continuar a investir em Portugal.
"Mesmo se às vezes a gente diz para que é que viemos para aqui? Penso que não gostam de nós. Porquê? Não sei. Mas vamos continuar", assegurou.
"Não deve haver muitos problemas"
Sobre a aquisição da Media Capital, Armando Pereira antecipou um desfecho positivo para os planos da Altice.
"Há ainda atores que vão intervir nessa decisão, mas não deve haver muitos problemas", afirmou.
A Entidade Reguladora para a Comunicação Social terá de se pronunciar sobre o negócio com um parecer de cariz vinculativo. O parecer final cabe à Autoridade da Concorrência.
Embora se mostre convicto da concretização do negócio, Armando Pereira insistiu na ideia de que o Governo português "não facilita as coisas".
Foi a 12 de junho, no decurso do debate parlamentar do Estado da Nação que António Costa manifestou preocupação com o futuro da PT, designadamente em matéria de postos de trabalho. O primeiro-ministro invocou mesmo "falhas graves" nas comunicações em Pedrógão Grande.
"Receio bastante que a forma irresponsável como foi feita aquela privatização possa dar origem a um novo caso Cimpor, com um novo desmembramento que ponha não só em causa os postos de trabalho, como o futuro da empresa", disse então o governante, numa tomada de posição que lhe valeu duras críticas por parte da oposição.
c/ Lusa