Altice diz que regulação é "hostil" e admite medidas como desinvestimento

por Lusa
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A Altice Portugal reiterou hoje que há um "ambiente regulatório hostil e adverso", admitindo, por isso, que "tenham de ser equacionadas medidas" que podem passar por desinvestimento ou "racionalização do envolvimento em projetos grandes consumidores de capital".

Na quinta-feira, o grupo Vofadone disse que está fazer uma ponderação sobre o leilão do espectro de 5G em Portugal, considerando que as regras propostas pela Autoridade Nacional de Comunicações (Anacom) são "ilegais e discriminatórios, que poderá passar por "licitar menos espectro" ou até "não licitar".

Por sua vez, a NOS considerou que as regras do leilão 5G "são absolutamente ilegais, inaceitáveis e desastrosas" para o setor e para o país.

"Não comentamos posições de concorrentes da Altice Portugal no mercado português ou seus acionistas", começou por dizer fonte oficial da Altice Portugal, que reiterou a existência de um "ambiente regulatório hostil e adverso" que não estimula o investimento.

"É pois natural, como a Altice já afirmou anteriormente por diversas vezes, que tendo presente este ambiente altamente desfavorável ao investimento, tenham de ser equacionadas medidas, que possam passar pelo desinvestimento no país ou até pela racionalização do envolvimento em projetos grandes consumidores de capital, com retorno duvidoso face às regras impostas", referiu a operadora liderada por Alexandre Fonseca.

"O avultado investimento que temos vindo a fazer nas telecomunicações em Portugal, que nos coloca numa posição cimeira do setor a nível internacional, deve conter um racional económico que permita a viabilidade do retorno desse mesmo investimento, suportando a geração de valor, a manutenção das dezenas de milhar de postos de trabalho desta indústria no nosso país e o crescimento deste setor hoje mais do que nunca indispensável para o desenvolvimento e crescimento económicos", afirmou a mesma fonte.

Ora, "sendo todos os operadores nacionais empresas privadas, é natural que os seus acionistas procurem legitimamente rentabilizar as centenas de milhões de euros que injetam anualmente na nossa economia, procurando um ambiente estável, com previsibilidade e que estimule o investimento", prosseguiu.

Atualmente, "o momento que vivemos em Portugal é, lamentavelmente, o oposto. Vivemos num ambiente regulatório hostil e adverso, que não só não estimula o investimento, como retrai qualquer investidor em apostar no nosso país no setor das telecomunicações, um setor onde desde o Governo a associações independentes, passando por grandes consultoras internacionais e fabricantes de tecnologia, todos são unânimes em criticar a gestão do dossier 5G feita pela Anacom", concluiu.

O processo do leilão do 5G foi suspenso em março devido à pandemia, aguardando-se agora a aprovação do regulamento final e divulgação por parte da Anacom, ainda durante este mês.

Entretanto, o 5G vai estar hoje em debate no parlamento, com PSD a recomendar `roaming` nacional enquanto CDS-PP defende `roaming` em zonas de baixa densidade e o BE e PCP a recomendarem a suspensão do leilão e a gestão e exploração pública do espectro.

Desde a inteligência artificial e veículos autónomos, passando pela telemedicina ou a robotização das indústrias, estas são algumas das promessas da quinta geração (5G), em que a conectividade é chave do futuro.

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