Apoio das multilaterais é vital para acordo sobre a dívida - Afreximbank

por Lusa

O presidente do Banco Africano de Exportações e Importações (Afreximbank) disse hoje que o apoio das instituições financeiras multilaterais será fundamental para os credores privados chegarem a acordo com os países endividados sobre o alívio da dívida.

"A grande questão para os credores privados é a neutralidade do valor presente da dívida, enquanto Afreximbank participamos nas discussões entre credores e países, porque fazemos parte do conselho consultivo do Instituto Financeiro Internacional (IFI)", disse Benedict Oramah durante um webinar organizado pelo centro de pesquisa norte-americano Atlantic Council.

"A discussão vai no sentido de encontrar uma maneira de qualquer acordo ter o apoio das instituições financeiras multilaterais, se [os países em dificuldades] conseguirem isso, muitos credores comerciais estão dispostos a fazer um acordo", disse o banqueiro.

Comentando a discussão em curso sobre a adesão dos credores privados aos objetivos da Iniciativa de Suspensão do Serviço da Dívida (DSSI) avançada pelo G20, que pretende oferecer uma moratória sobre os pagamentos da dívida bilateral até final do ano, Benedict Oramah reconheceu que "houve um aumento massivo da dívida desde a crise das matérias primas, em 2015", mas notou que alguns países encaram a iniciativa com relutância.

"ALguns países não querem ter os `ratings` afetados ou o acesso bloqueado aos mercados internacionais", explicou Oramah, acrescentando que para alguns países "o benefício de terem um acordo sobre a dívida pode ser menor que entrarem em `default` [Incumprimento Financeiro]", uma vez que dependem do exterior para financiar o orçamento.

"Temos de encontrar uma fórmula que satisfaça os detentores da dívida comercial, como os `Eurobonds`, as agências de `rating` e, claro, esta fórmula tem de dar um alívio real, não pode ser só adiar os pagamentos porque senão aumentará o peso da dívida no futuro", concluiu o presidente do Afreximbank desde 2015.

A assunção do problema da dívida como uma questão central para os governos africanos ficou bem espelhada na preocupação que o Fundo Monetário Internacional e o Banco Mundial dedicaram a esta questão durante os Encontros Anuais, que decorrem em abril em Washington, na quais disponibilizaram fundos e acordaram uma moratória no pagamento das dívidas dos países mais vulneráveis a estas instituições.

Em 15 de abril, também o G20, o grupo das 20 nações mais industrializadas, acertou uma suspensão de 20 mil milhões de dólares, cerca de 18,2 milhões de euros, em dívida bilateral para os países mais pobres, muitos dos quais africanos, até final do ano, desafiando os credores privados a juntarem-se à iniciativa.

Além disso, a UNECA, entre outras instituições, está a desenhar um plano que visa trocar a dívida soberana dos países por novos títulos concessionais que possam evitar que as verbas necessárias para combater a covid-19 sejam usadas para pagar aos credores.

Este mecanismo financeiro seria garantido por um banco multilateral com `rating` de triplo A, o mais elevado, ou por um banco central, que converteria a dívida atual em títulos com maturidade mais alargada, beneficiando de cinco anos de isenção de pagamentos e cupões (pagamentos de juros) mais baixos, segundo a UNECA.

Em África, há 4.344 mortos confirmados em mais de 152 mil infetados em 54 países, segundo as estatísticas mais recentes sobre a pandemia naquele continente.

Entre os países africanos que têm o português como língua oficial, a Guiné-Bissau lidera em número de infeções (1.339 casos e oito mortos), seguida da Guiné Equatorial (1.306 casos e 12 mortos), São Tomé e Príncipe (484 casos e 12 mortos), Cabo Verde (458 casos e quatro mortes), Moçambique (254 casos e dois mortos) e Angola (86 infetados e quatro mortos).

A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 373 mil mortos e infetou mais de 6,2 milhões de pessoas em 196 países e territórios.

Cerca de 2,6 milhões de doentes foram considerados curados.

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