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Arábia Saudita alimenta guerra do preço do petróleo ao aumentar exportação de barris

por RTP
No início de março, a Arábia Saudita decidiu aumentar a produção e baixar os preços do petróleo. Foto: Maxim Shemetov - Reuters

A Arábia Saudita anunciou esta segunda-feira a intenção de aumentar a exportação de barris de petróleo para 10,6 milhões por dia a partir de maio. O país continua, assim, a incentivar a guerra de preços do petróleo que originou no início deste mês, quando decidiu aumentar a produção petrolífera e reduzir drasticamente os preços desse combustível fóssil.

O país do Médio Oriente pretende “aumentar as exportações de petróleo em 600.000 barris por dia a partir de maio, subindo as exportações totais para 10,6 milhões de barris por dia”, de acordo com um funcionário do Ministério saudita da Energia, citado por agências internacionais.

A Arábia Saudita justificou a decisão com o facto de atualmente estar a utilizar menos petróleo para a produção de energia. “O excesso [de petróleo] resulta da utilização de gás natural para gerar eletricidade”, explicou o responsável.

O Ministério argumentou ainda que a procura de combustíveis pela população saudita tem diminuído devido ao novo coronavírus, que tem levado as pessoas a permanecerem mais tempo em casa.

Especialistas acreditam, no entanto, que a Arábia Saudita teve outras motivações. “[O príncipe herdeiro] Mohammed bin Salman está a lutar pelo controlo do mercado petrolífero e da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP)”, considerou o professor Danny Zaken, citado pelo Jerusalem Post.

Segundo Zaken, bin Salman acredita que a Arábia Saudita é economicamente capaz de suportar as consequências da redução dos preços do petróleo durante mais tempo do que a Rússia e os Estados Unidos, com quem o país do Médio Oriente parece estar numa luta pelo poder.

Na Rússia, as receitas provenientes das exportações de petróleo deverão descer substancialmente, o que poderá significar um golpe tão grande na economia desse país que Moscovo corre o risco de registar um défice em 2020.

“A decisão foi impulsiva e é característica da liderança de Mohammed bin Salman, que é bastante mais liberal do que a dos seus antecessores”, considerou Zaken.
O impacto das decisões sauditas
A mais recente decisão de Riade surge depois de, no início de março, a Arábia Saudita - segundo maior produtor de petróleo do mundo – ter anunciado que iria aumentar a produção e baixar os preços dessa matéria-prima. Essas medidas seguiram-se a um fracasso nas negociações entre a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) e a Rússia.

Na altura, a OPEC tentou que, face à redução da procura global de petróleo devido à pandemia de Covid-19, a Rússia cortasse na produção, mas esta recusou.

Agora, outros países cujas economias estão dependentes da exportação de petróleo poderão sentir repercussões da aparente tentativa da Arábia Saudita de castigar a Rússia. Poderá ser o caso da Venezuela, do Irão, do Brasil ou de Angola.Esta segunda-feira os preços do petróleo caíram acentuadamente, com o valor do barril de Brent a descer temporariamente para menos de 20 dólares, o número mais baixo dos últimos 18 anos.

Com a decisão da Arábia Saudita no início de março, a cotação do barril de petróleo entrou em queda livre nos mercados de todo o mundo, cenário que poderá agora piorar ainda mais. Devido à atual guerra de preços, os limites de produção da OPEP foram suspensos, o que levará os países do grupo a produzirem mais petróleo de modo a protegerem as suas quotas no mercado.

Prevê-se que esses países tentem aumentar o volume de vendas, utilizando os preços mais baixos como argumento para aliciar os consumidores. No entanto, a tarefa será difícil nesta altura, em que o surto do novo coronavírus já chegou a mais de duas centenas de países e os governos estão a impor cada vez mais medidas de contenção às populações.

Além disso, muitas das fábricas que dependem do uso do petróleo terão de permanecer encerradas durante a pandemia e a maioria das companhias aéreas tem os seus aviões estacionados.

O surto do novo coronavírus já infetou mais de 738 mil pessoas a nível global, das quais cerca de 155 mil recuperaram. Há neste momento 35 mil mortes registadas.

c/ agências
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