Assembleia de Castelo Branco quer encerramento definitivo da central nuclear espanhola

por Lusa
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A Assembleia Municipal de Castelo Branco aprovou hoje por unanimidade uma moção, que pede ao Governo português uma intervenção junto do Estado espanhol e das instituições europeias para o encerramento definitivo da central nuclear espanhola de Almaraz.

Na moção apresentada e subscrita por todas as bancadas com representação na Assembleia Municipal de Castelo Branco (PS, PSD, CDS-PP, BE e CDU), os deputados municipais realçam que a central nuclear de Almaraz, em Espanha, "registou nos últimos cinco dias dois incidentes".

Face aos últimos incidentes verificados em Almaraz, os deputados municipais entendem que a central nuclear espanhola "representa um risco para o meio ambiente e para todos os cidadãos".

E, neste sentido, solicitam ao Governo português "todas as iniciativas necessárias junto do Estado espanhol e das instituições europeias no sentido do encerramento definitivo daquela central nuclear, não sendo autorizada nova prorrogação do seu prazo de funcionamento".

Os subscritores do documento realçam que o fecho da central tem vindo a ser prorrogado, tendo o Conselho de Segurança Nuclear espanhol autorizado este ano o funcionamento de Almaraz até outubro de 2028, cabendo a autorização definitiva ao Governo espanhol.

"Já anteriormente a Assembleia Municipal de Castelo Branco se manifestou pelo encerramento da central nuclear, designadamente em 2016", lê-se no documento.

A moção vai ser remetida ao primeiro-ministro, Presidente da Assembleia da República e aos grupos parlamentares.

A central nuclear de Almaraz, em Espanha, registou um incidente às 03:33 de sábado, no reator da unidade II, sem que haja registo de impactos no meio ambiente ou nos trabalhadores.

O anúncio foi feito pelo próprio Conselho de Segurança Nuclear (CSN) espanhol, através de um comunicado.

"O evento não teve impacto nos trabalhadores, no público ou no meio ambiente. Com as informações disponíveis até o momento, o incidente é classificado como nível 0 provisório na Escala Internacional de Eventos Nucleares (INES)", sustentou.

Em cinco dias, este foi o segundo incidente registado na central nuclear de Almaraz, depois de, no dia 22, às 20:15 ter sido registado outro incidente.

Desta vez, a unidade I foi interrompida automaticamente como resultado da ação da proteção de turbinas originárias do gerador elétrico.

A unidade I estava em processo de carregamento, com 51% de energia e, segundo a informação dos proprietários da central ao CSN, não se registaram impactos nos trabalhadores ou no meio ambiente.

A central de Almaraz está situada junto ao rio Tejo e faz fronteira com os distritos portugueses de Castelo Branco e Portalegre, sendo Vila Velha de Ródão a primeira povoação portuguesa banhada pelo Tejo depois de o rio entrar em Portugal.

Em operação desde 1981 (operação comercial desde 1983), a central está implantada numa zona de risco sísmico e apenas a 110 quilómetros em linha reta da fronteira portuguesa.

Os proprietários da central de Almaraz são a Iberdrola (53%), a Endesa (36%) e a Naturgy (11%).

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