Atraso nas negociações de paz em Moçambique aumenta risco de agitação social, diz Consultora BMI

por Lusa

A consultora BMI Research considerou hoje que o atraso nas negociações de paz em Moçambique aumenta o risco de agitação social devido ao eventual adiamento das eleições ou à contestação dos resultados eleitorais.

Numa análise sobre a evolução das negociações entre a Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, no poder) e a Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), a BMI Research escreve que "a expetativa central é que as negociações continuem nos próximos meses, mas as tensões dominantes entre os dois partidos aumentaram os riscos de agitação social que surge ou de um adiamento das eleições ou da contestação dos resultados".

Na nota de análise, enviada hoje aos investidores e a que a Lusa teve acesso, os analistas desta consultora do grupo Fitch consideram que "apesar de nos últimos meses ter havido progressos significativos nas negociações de paz entre o Governo e o principal partido da oposição, ainda há um risco de os avanços pararem, ou até de um colapso nas negociações".

O principal tema fraturante, dizem, é o prazo para o desarmamento, que "continua a ser um tópico fortemente contestado", exemplificando com a recusa da Frelimo, no final de junho, em "fazer aprovar uma lei eleitoral para facilitar as eleições municipais marcadas para outubro, argumentando com os receios de que a Renamo não tenha largado as armas".

O adiamento da implementação da lei eleitoral, originalmente agendada para a sessão parlamentar de 21 e 22 de junho, e a suspensão das preparações da Comissão Nacional de Eleições "podem reavivar a desconfiança entre os membros da Renamo face ao partido no poder", argumentam os consultores.

"Se a discordância sobre o desarmamento se prolongar, as tensões podem aumentar dos dois lados ao ponto de as negociações de paz serem suspensas, ao passo que o adiamento das eleições pode prejudicar a confiança da população no Governo", concluem.

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