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Aumenta para 280 número de taxistas em protesto no Porto

por Lusa

Porto, 19 set (Lusa) - O número de taxistas hoje concentrados no Porto em protesto contra a nova lei das plataformas eletrónicas de transporte em veículos descaracterizados subiu de 100 para 280, segundo uma contagem feita pelos promotores da manifestação pelas 12:00.

De acordo com Carlos Lima, da Federação de Táxis do Porto, o aumento da adesão dos motoristas ao protesto que decorre na avenida dos Aliados prende-se com o facto de só agora, cerca das 12:00, uma parte dos taxistas poder deslocar-se ao local, porque até então teve serviços marcados durante a manhã, para transporte de pessoas ao hospital, por exemplo.

"Uma parte deles teve de cumprir serviços diários como levar pessoas ao hospital ou para fazerem análises. Só agora puderam juntar-se a nós, como de resto estava previsto", explicou.

Carlos Lima acrescentou que, a estes motoristas, somam-se ainda os que estiveram "a garantir os serviços mínimos e que, uma vez terminado o turno, rumaram aos Aliados".

Os 280 táxis preenchem meia avenida, ocupando uma das duas faixas de rodagem em ambos os sentidos de circulação, no troço compreendido entre o edifício da Câmara do Porto e os cruzamentos com a rua Elísio de Melo (sentido descendente) e do Dr. Magalhães Lemos (sentido ascendente).

Os agentes da PSP presentes no local têm garantido que o trânsito flua na única faixa de rodagem disponível naquela zona da avenida.

Os taxistas estão concentrados desde as 06:00 naquela avenida em protesto contra a entrada em vigor, em novembro, da lei que regula as quatro plataformas eletrónicas de transporte que operam em Portugal - Uber, Taxify, Cabify e Chaffeur Privé.

Vítor Oliveira, taxista há 30 anos no Porto, considerou à Lusa que o setor "esteve sempre preparado" para servir a população, afirmando que tal acontece "há décadas" na cidade.

"A questão de terem vindo alternativas [aos táxis] é bem-vinda, até porque melhora o nosso serviço e as pessoas gostam, e contra isso nada. O que acontece é que, como em qualquer atividade, é preciso estar legitimado e credenciado para o fazer, algo que as plataformas não fazem, porque não são elas quem trabalha, mas sim os prestadores que não estão habilitados para o fazer", criticou.

Considerando-se "vítima de um serviço precário que atua na cidade do Porto desde 2014", o taxista lembrou que a lei que regula a atividade das plataformas eletrónicas de transporte em veículos descaracterizados "só vai sair a 01 de novembro", culpando, por isso, a tutela por uma "atividade ilegal" em Portugal.

"No Porto, neste momento, há 700 táxis licenciados e há 1.000 carros a trabalhar para as plataformas", relatou o motorista, adiantando que a concorrência, "desde 2014, tem feito decrescer o negócio entre 40 e 50%" na cidade.

Taxista no Porto há 42 anos, José Peixoto admitiu à Lusa que quando as plataformas chegaram a Portugal o "setor não estava preparado", mas culpou o Governo por isso.

"Se elas [plataformas] tivessem as mesmas armas que nós as coisas estavam equilibradas. Mas não pagam impostos, carros, aluguer e nós pagamos tudo, somos obrigados a ter tudo", vincou o taxista.

Insistindo que o setor "tem melhorado as frotas automóveis", vincou que os "clientes querem ser bem servidos" e que "pelo que tem visto [a qualidade do serviço prestado por veículos descaracterizados] não é aquilo que as pessoas dizem".

Os taxistas manifestam-se hoje em Lisboa, Porto e Faro contra a entrada em vigor, em novembro, da lei que regula as quatro plataformas eletrónicas de transporte em veículos descaracterizados que operam em Portugal - Uber, Taxify, Cabify e Chaffeur Privé.

Desde 2015, este é o quarto grande protesto contra as plataformas que agregam motoristas em carros descaracterizados, cuja regulamentação foi aprovada, depois de muita discussão, no parlamento, em 12 de julho.

Um dos principais `cavalos de batalha` dos taxistas é o facto de na nova regulamentação as plataformas não estarem sujeitas a um regime de contingentes, ou seja, a existência de um número máximo de carros por município ou região, como acontece com os táxis.

A dois dias da manifestação, o Governo enviou para as associações do táxi dois projetos que materializam alterações à regulamentação do setor do táxi, algo que os taxistas consideraram "muito poucochinho", defendendo que o objetivo do Governo foi "desviar as atenções" da concentração nacional de hoje.

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