Aumento de produção de energia de renováveis obrigará a mais linhas de alta tensão diz ministro

por Lusa

O aumento da produção e armazenamento de eletricidade obtida de fontes renováveis vai obrigar ao aumento da rede de linhas de alta tensão que "vão ter que passar pelos terrenos de alguém", afirmou hoje o ministro do Ambiente.

João Pedro Matos Fernandes, que falava na comissão parlamentar de Ambiente, Ordenamento do Território, Descentralização, Poder Local e Habitação, afirmou que para fechar as duas centrais de produção elétrica a carvão de Sines e Pego, o país tem que aumentar as reservas de eletricidade.

"Os sete gigawatts [produzidos pela central] de Sines não são substituídos por sete de renováveis, tem que ser 13, 14, 15 gigas, vai ter que haver mais linhas de transporte de eletricidade e linhas de alta tensão que vão passar em terreno de alguém", indicou.

"Ninguém quer por o país em risco de ficar sem eletricidade" devido à incerteza na produção de energia a partir de fontes de renováveis, como a solar.

Matos Fernandes referiu que a exploração de lítio, usado em baterias de alta capacidade, é uma das condições para conseguir fechar as centrais de Sines e do Pego, e que aquele metal explorado em condições semelhantes "a uma pedreira banal" é "absolutamente essencial".

É também essencial para a transição energética que tutela, em que se pretende atingir a neutralidade carbónica em 2050.

Nas nove zonas em que vai ser autorizada a prospeção de lítio, "não existe particular restrição ou riqueza ambiental", assegurou.

As empresas a quem foram concedidas as licenças tiveram que apresentar também um projeto industrial e estão obrigadas a trabalhar continuamente para recuperar a paisagem e "reduzir a próximo de zero os resíduos de exploração".

A deputada do Bloco de Esquerda Maria Manuel Rola criticou a dificuldade das populações visadas no acesso à informação sobre os projetos, que só são consultáveis nas instalações da Direção Geral de Energia e Geologia, em Lisboa, e salientou que há zonas pretendidas pelas empresas que querem explorar lítio em zonas consideradas património agrícola, por exemplo, no Barroso.

Heloísa Apolónia, dos Verdes, defendeu que a prospeção também devia ser sujeita a avaliação de impacto ambiental.

 

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