Australis admite desapontamento por cessar prospeção de gás na região de Leiria

por Lusa

A Australis Oil & Gas Portugal admitiu hoje à Lusa o desapontamento por cessar a prospeção de gás na região de Leiria, considerando que este é "um mau resultado para Portugal e para o ambiente".

"Estamos desapontados por não ter sido possível concretizar a avaliação da descoberta na concessão `Batalha` e complementar a avaliação da perspetiva de existência de gás natural na concessão `Pombal`", na freguesia da Bajouca, no concelho de Leiria, disse a empresa em resposta escrita à Lusa.

A Australis confirmou que enviou uma carta à Direção-Geral de Energia e Geologia "exercendo o seu direito de renúncia às concessões `Batalha` e `Pombal`", salientando que referiu "em muitas ocasiões, e em fóruns públicos, a razão pela qual considera que este é um mau resultado para Portugal e para o ambiente".

"O país adotou o desígnio internacional de estabelecer objetivos energéticos louváveis para a produção de energia 100% renovável até 2050. Para atingir estas metas, o gás natural foi identificado como sendo uma energia necessária durante a fase de transição, sendo que os modelos governamentais preveem que a sua utilização cresça nos próximos 10/15 anos", acrescentou a Australis.

Segundo a empresa, "nestes tempos difíceis, o país teve a oportunidade de obter este gás localmente, com uma menor pegada de carbono e a um custo mais baixo".

No entanto, refere ainda, "sem qualquer apoio à exploração e desenvolvimento local, o gás necessário continuará a ser importado e a ironia é que o impacto ambiental, o custo para o país e a dependência de governos estrangeiros será muito maior do que se Portugal tivesse desenvolvido os recursos descobertos internamente de uma forma apropriada e ambientalmente responsável".

Os presidentes dos municípios de Leiria e da Batalha mostraram-se hoje satisfeitos com o fim do projeto de prospeção de gás natural na região, pela Australis Oil & Gas Portugal, salientando que o ambiente fica a ganhar.

Em setembro de 2015, o Estado português assinou um contrato para a pesquisa e produção de hidrocarbonetos com a empresa Australis Oil & Gas Portugal, que abrangia duas concessões `onshore`, na Bacia Lusitânica, denominadas "Batalha" e "Pombal", esta seria na zona da freguesia da Bajouca, no concelho de Leiria, cobrindo uma área de aproximadamente 2,500 km2.

Em comunicado, a associação ambientalista Zero considerou hoje que a desistência "põe um ponto final na possibilidade de se vir a explorar combustíveis fósseis em Portugal".

A associação adianta que a decisão foi comunicada em 24 de agosto à Direção-Geral de Energia e Geologia e terá efeitos no final de setembro, cinco anos após a assinatura do contrato.

A associação ambientalista destaca na nota que esta desistência marca o fim de um conjunto de processos que em 2015 envolvia 15 contratos de concessão para pesquisa e exploração de petróleo e gás natural, do Algarve à Figueira da Foz, para além de zonas marinhas e onde progressivamente as empresas (entre elas ENI/GALP, REPSOL, PARTEX, PORTFUEL e agora Australis Oil & Gas Portugal) foram desistindo com diferentes argumentos.

Em janeiro, moradores da freguesia da Bajouca, Leiria, e de outras localidades vizinhas realizaram uma marcha de cerca de dois quilómetros para travar a prospeção de gás na zona.

Tópicos
pub