Banco de Portugal. "Crescimento potencial anémico" preocupa

por RTP
“O país depende do crescimento potencial”, advertiu o governador do Banco de Portugal, Carlos Costa Hugo Correia - Reuters

O governador do Banco de Portugal lançou esta segunda-feira um aviso contra o que descreveu como o “crescimento potencial anémico” evidenciado pelo país. Na abertura de mais uma conferência do supervisor, Carlos Costa sublinhou que “o que separa a economia portuguesa das economias com melhor desempenho em termos de produto per capita são as diferenças de produtividade e não o número de horas trabalhadas”.

“Não podemos continuar com um crescimento potencial anémico. O país depende do crescimento potencial”, instou o governador do Banco de Portugal, antevendo como consequências deste quadro défices orçamentais elevados e um crescimento da emigração.

Na intervenção de abertura da 9ª Conferência do Banco de Portugal, dedicada ao desenvolvimento económico do país no espaço europeu, Carlos Costa defendeu uma reflexão sobre as necessidades da economia do país “em tempos de crescimento”. Um debate “ainda mais premente” diante de “sinais de abrandamento”.

Números libertados na semana passada pelo Instituto Nacional de Estatística vieram indicar que a economia cresceu 2,1 por cento no terceiro trimestre de 2018, relativamente ao mesmo período de 2017. Já face ao segundo trimestre do ano, o PIB aumentou 0,3 por cento em termos reais, menos três décimas do que no trimestre anterior. Em termos homólogos, o crescimento abrandou também em três décimas.
“Atitude para com o risco”
O governador do banco central sustentou ainda que só por meio de um crescimento “robusto” o PIB poderá convergir com os chamados motores europeus. O que implica recorrer a “alavancas que possam exponenciar a produtividade dos trabalhadores”: reforço de competências, inovação, níveis de capital por profissional, “aprender a superar as iniciativas fracassadas” e adequação do sistema financeiro às necessidades do tecido empresarial foram exemplos referidos por Carlos Costa.

“Para que a combinação de capital e trabalho resultem em produção, necessitamos de empreendedores, de organizações e de modelos de gestão, que tenham em conta a realidade social, cultural, institucional e ainda o estádio de desenvolvimento tecnológico dos países”, advogou o governador.

Carlos Costa evocou o facto de Portugal ter ficado abaixo de outros 15 países-membros da União Europeia no último Índice de Competitividade Global do Fórum Económico Mundial.

“Na lista de indicadores em que obtemos pior classificação, contam-se alguns relacionados com a qualidade dos modelos de gestão, nomeadamente a atitude para com o risco, posição 80 em 140 economias, a predisposição para delegar autoridade, posição 70 em 140, e a integração de ideias disruptivas, posição 46 em 140. Importa, por isso, perceber de que forma podem os nossos modelos de gestão evoluir para tornar a nossa economia mais produtiva”, enumerou o responsável.

c/ Lusa
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