BCP fará este ano proposta para devolver cortes nos salários aos trabalhadores

por Lusa

Lisboa, 21 fev (Lusa) -- O presidente do BCP disse hoje que será feita este ano uma proposta para começar a devolver aos trabalhadores o dinheiro retido em cortes salariais, mas recusou adiantar montantes, e anunciou que o banco quer rever as tabelas salariais.

Na conferência de imprensa de apresentação de resultados, questionado sobre a promessa de devolver aos trabalhadores o dinheiro retido em cortes salariais, Miguel Maya disse que "a comissão executiva assumiu o compromisso com trabalhadores e vai cumprir".

"Ainda hoje apresentei uma proposta para este tema ser tratado, para efetuar uma proposta para ser aprovada pela assembleia-geral", disse, recusando contudo avançar qual o montante que poderá ser proposto para ser devolvido aos trabalhadores já este ano.

Miguel Maya recusou dar mais informação, dizendo que falará primeiro com as estruturas representativas dos trabalhadores.

Entre meados de 2014 e meados 2017, os trabalhadores do BCP com remunerações acima de 1.000 euros brutos mensais tiveram os salários cortados (entre 3% e 11%), no âmbito do plano de reestruturação acordado com Bruxelas que se seguiu à ajuda estatal (de 3.000 milhões de euros) e que implicou também o fecho de balcões e a saída de milhares de trabalhadores em programas de reformas antecipadas e rescisões por mútuo acordo.

O fim dos cortes salariais acabou em julho de 2017, tendo então o banco dito que permitiram salvar 400 postos de trabalho.

Então, a administração executiva do banco prometeu que, quando a instituição financeira regressasse a lucros atribuíveis aos acionistas, iria propor em assembleia-geral a reposição do valor cortado. Em julho do ano passado, Miguel Maya estimou o valor cortado em salários entre 30 e 40 milhões de euros.

Ainda na conferência de imprensa de hoje, Maya anunciou que também já convocou os sindicatos para começar a "trabalhar no acordo de empresa" com vista a fazer alterações à tabela salarial.

Questionado sobre quais as poupanças que o banco pretende conseguir com a revisão da tabela salarial, Miguel Maya disse que "não há um valor para alcançar" mas que tem "ideias claras" sobre o que pretende fazer e que quer discuti-las com os sindicatos.

"O interesse da comissão executiva do BCP estão muito alinhados com os dos trabalhadores, valorizar o banco e criar prosperidade", afirmou.

O responsável disse que o tema dos custos continua muito presente no banco e que é necessário um "enorme controlo da base de custos", apesar de querer também promover o investimento em tecnologia, para melhorar a cybersegurança, e em "atrair talento".

O BCP fechou 2018 com 7.095 trabalhadores em Portugal, menos 95 do que em 2017, e com 546 agências, menos 32 do que tinha no ano anterior.

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