BE diz que Kirchhoff despede 100 temporários em Azeméis e inicia lay-off

por Lusa

A coordenação distrital de Aveiro do BE revelou hoje que a Kirchhoff Automotive Portugal, sediada em Oliveira de Azeméis, vai despedir 100 trabalhadores temporários dessa unidade, enviando para "lay-off" 200 nesse concelho e "centenas" também em Ovar.

Segundo o partido, o despedimento aplica-se aos cerca de 100 funcionários contratados por empresas de trabalho temporário para laborar na Kirchhoff de Cucujães, em Azeméis, e vai alargar-se também ao pessoal com o mesmo tipo de vínculo "na unidade localizada no concelho de Ovar".

Num caso e no outro, a medida abrange os funcionários "que estão neste momento ao abrigo das medidas especiais de assistência à família".

Já no que se refere aos trabalhadores em regime fixo nessa multinacional de origem alemã, o BE diz que a Kirchhoff está a "preparar a adesão ao regime de `lay-off`" na casa-mãe de Azeméis, que emprega "200 pessoas", e está a preparar o mesmo também para Ovar, onde essa suspensão temporária dos horários de trabalho ou dos contratos laborais afetará mais "umas centenas" de funcionários.

Defendendo que, face à atual crise gerada pela covid-19, "as empresas têm que ser chamadas à responsabilidade e não devem poder despedir", sobretudo quando em causa estão unidades de grande dimensão, o BE já questionou o Ministério do Trabalho sobre as medidas que pretende adotar "para evitar esta onda de despedimentos que a Kirchhoff e outras multinacionais estão a promover".

O partido realça, aliás, que "o Governo tem dito que o não-despedimento é um requisito essencial para que as empresas possam aceder ao regime de `lay-off` simplificado", mas acusa o PS de "falta de coragem" ao não proibir os despedimentos "imediatamente".

O BE explica: "Muitas empresas estão a utilizar a artimanha que a Kirchhoff está a repetir, de despedir preventivamente os trabalhadores mais precários e depois recorrer ao `lay-off`", e "a falta de coragem do Governo do PS está a facilitar os despedimentos em massa".

A Lusa procurou obter um esclarecimento das unidades do Grupo Kirchhoff em Oliveira de Azeméis e Ovar, mas nenhuma das empresas esteve contactável.

No site do grupo, contudo, um comunicado público de 18 de março anuncia: "A partir de 1 de abril, uma grande parte dos cerca de 1.300 colaboradores das duas fábricas da Kirchhoff Automotive em Iserlohn e Attendorn [na Alemanha] entrará temporariamente em trabalho de curta duração".

Essa área de negócios do grupo é parceira da indústria automóvel no desenvolvimento de complexas estruturas metálicas e híbridas para carroçarias e chassis, e envolve "9.000 colaboradores e cerca de 30 fábricas em 11 países".

A justificação para o "lay-off" é que a marca estava "a reduzir a produção nas suas fábricas em quase todos os pontos do mundo", dado que, "à medida que os fabricantes automóveis vão cessando gradualmente a atividade, os produtos da Kirchhoff Automotive já não são aceites".

O abrandamento produtivo implicaria, por isso, o recurso a "horas de trabalho flexíveis reguladas por contratos coletivos, como, por exemplo, a redução imediata das horas extraordinárias, [o usufruto] de férias não gozadas, etc.".

J. Wolfgang Kirchhoff, presidente do conselho de administração da Kirchoff Automotive, declarava nesse documento que só certas áreas de produção se manteriam ativas, nomeadamente as dirigidas a mercados externos como o chinês. "Isto acontece porque as unidades de produção de fabricantes alemães na China estão presente e acentuadamente a aumentar de novo a sua produção, de modo que os produtos de Iserlohn também são novamente necessários nesses locais", explicava.

O mesmo responsável previa assim para 2020 um declínio "desfasado" nos principais mercados da marca: "A China está novamente em ascensão, a Europa ainda está em queda e seguir-se-á a América do Norte".

Ainda segundo dados da Kirchhoff, o grupo tem as suas origens na fabricante de agulhas de costura Stephan Witte, fundada em 1785 em Iserlohn, e atualmente integra quatro áreas de negócio: automóvel, ferramentas, mobilidade e tecnologia ambiental para eliminação de resíduos e limpeza pública.

A nível global, o grupo emprega mais de 13.000 funcionários e em 2018 registou vendas de 2,15 mil milhões de euros.

O novo coronavírus responsável pela pandemia da covid-19 foi detetado na China em dezembro de 2019 e já infetou mais de 828.000 pessoas em todo o mundo, das quais mais de 41.000 morreram. Ainda nesse universo de doentes, pelo menos 165.000 recuperaram.

Em Portugal, onde os primeiros casos confirmados foram registados no dia 02 de março, o último balanço da Direção-Geral da Saúde indicava 7.443 infeções confirmadas. Desse universo de doentes, 160 morreram, 627 estão internados em hospitais, 43 recuperaram e os restantes convalescem em casa ou noutras instituições.

A 17 de março, o Governo declarou o estado de calamidade pública no concelho de Ovar, que no dia seguinte ficou sujeito a cerco sanitário com controlo de fronteiras e suspensão de toda a atividade empresarial não afeta a bens de primeira necessidade, e desde o dia 19 todo o país está em estado de emergência, o que vigorará pelo menos até às 23:59 de quinta-feira.

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