O Bloco de Esquerda vai exigir ao Governo, com "urgência", a duplicação de meios para acelerar a extinção da combustão de resíduos das minas do Pejão, disse hoje à Lusa deputado Moisés Ferreira.
"Eles [empresa que opera no local] esperam haver uma duplicação de meios e ter um ponto de água mais próximo para não recorrerem apenas a estes autotanques. Nós vamos garantir junto do Governo que isso acontece mesmo", afirmou.
À Lusa, o parlamentar do BE eleito pelo distrito de Aveiro reforçou a premência de a duplicação dos meios poder estar no terreno já a partir de janeiro.
Após uma visita que realizou ao local acompanhado por populares da localidade da Póvoa, Pedorido, concelho de Castelo de Paiva, o parlamentar defendeu que a dimensão do problema, nomeadamente quanto aos riscos para a saúde pública, que se arrastam há mais de um ano, exige uma intervenção mais forte das autoridades.
"É muito diferente ver no local do que ouvir dizer", exclamou a propósito da "dimensão e a extensão do problema", lamentando que as autoridades não tivessem agido mais cedo, deixando a combustão alastrar mais de um ano.
Afirmando-se impressionado e preocupado, o deputado recordou que "todo o subsolo está em combustão", percebendo-se "também o perigo iminente" de aquela se propagar às jazidas de carvão próximas do local.
Se isso acontecer, alertou, será uma "catástrofe ambiental".
A combustão observa-se numa escombreira das antigas minas de Carvão do Pejão desde outubro do ano passado, na sequência do grande incêndio florestal que lavrou no concelho de Castelo de Paiva.
A Lusa visitou o local (lugar da Serrinha), onde decorrem as operações da empresa de capitais públicos EDM.
No cimo da escombreira, situada sobre um antigo campo de futebol, duas máquinas trabalhavam incessantemente.
Por entre uma nuvem de fumo escuro e vapores, para além de um odor que recomendava o uso de máscaras, uma retroescavadora retirava do subsolo esburacado grandes quantidades de material em combustão e encaminhava-o para um terreno próximo, onde um autotanque despejava milhares de litros de água enriquecida com um produto que acelerava a extinção da combustão.
Sob o olhar de técnicos da empresa, uma máquina de rasto trabalhava, entretanto, nos resíduos para acelerar o processo.
Até ao momento, quando as operações vão a meio, falta ainda atuar em cerca de 6.000 metros quadrados, correspondendo a 180 mil metros cúbicos de material.
Se os meios forem duplicados, como a empresa espera, os trabalhos deverão estar terminados dentro de quatro meses, de acordo com informação prestada hoje ao deputado no local da operação.
A combustão do subsolo até uma profundidade de 14 metros, segundo dados da empresa EDM que opera no local, liberta constantemente fumos e poeiras para a atmosfera, situação que se observa há mais de um ano, preocupando a população da Póvoa.
Além da inalação dos gases, a poeira vai-se acumulando nas casas situadas a poucas centenas de metros, incluindo nos produtos agrícolas cultivados nos quintais.
Apesar disso, a empresa diz que os limites da poluição do ar não têm ultrapassado o que está previsto na legislação, de acordo com dados registados numa central de monitorização montada nas proximidades.
O deputado ouviu hoje a queixas dos populares que considerou serem pertinentes e justificarem uma atuação das autoridades.
Fazendo eco do que ouvira da população, Moisés Ferreira referiu a necessidade de a Câmara de Castelo de Paiva prestar mais informação à população, nomeadamente do andamento dos trabalhos e sobre meios de autoproteção.
Referiu também que compete à autarquia a disponibilização de um ponto de água que facilite os trabalhos.
O deputado reuniu depois com o presidente da Câmara de Castelo de Paiva, ao qual transmitiu as suas preocupações.