Brasil quase duplica crescimento da economia até 2020 - ONU

por Lusa

Nova Iorque, 21 jan (Lusa) - A analista económica com o pelouro de África nas Nações Unidas disse que o Brasil deverá quase duplicar o crescimento económico até 2020, para 2,5%, destacando que o país até pode crescer mais depressa se implementar reformas rapidamente.

"Se o novo Governo for bem-sucedido na implementação de reformas favoráveis ao mercado e restaurar confiança, a recuperação poderá ser mais rápida que antecipado", disse à Lusa Helena Afonso, notando, no entanto, que "se a confiança se deteriorar dado pouco apoio para as reformas macroeconómicas ou se as condições de financiamento piorarem subitamente, a recuperação pode abrandar".

Em declarações à Lusa no dia em que as Nações Unidas divulgam o relatório sobre a Situação Económica Mundial, a economista Helena Afonso disse que o crescimento no Brasil deverá crescer de 1,4% em 2018, para 2,1% este ano e 2,5% em 2020.

"A recuperação será suportada por maior investimento privado dado um melhoramento do indicador do clima de negócios e maior consumo das famílias dada maior confiança dos consumidores e declínio no desemprego, bem como a continuação de uma política monetária acomodativa e inflação moderada", vincou a economista sediada em Nova Iorque.

Para a ONU, a questão da reforma do sistema de pensões é essencial para as finanças públicas e também para o sentimento dos empresários e investidores internacionais: "Dadas as grandes pressões para que haja um ajustamento fiscal, uma questão importante será se o Governo conseguirá e estará disposto a reformar o sistema de pensões, o que colocaria as finanças públicas num caminho mais sustentável", disse Helena Afonso.

Por outro lado, conclui, "de uma perspetiva de desenvolvimento sustentável, seria importante que os planos do Governo para liberalizar, desregulamentar e privatizar tivessem em conta também as consequências sociais, por exemplo no que toca aos povos indígenas e aos mais pobres, e ambientais destas acções.

O relatório sobre a Situação Económica Mundial, hoje divulgado em Nova Iorque, é elaborado em conjunto pelo Departamento de Assuntos Económicos e Sociais das Nações Unidas (UN/DESA), pela Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD) e pelos cinco departamentos regionais da ONU, com a contribuição da Organização Mundial do Turismo das Nações Unidas.

Na abordagem global, a ONU/DESA diz que o crescimento económico mundial, que deverá ficar em 3%, como no ano passado, "esconde riscos subjacentes e desequilíbrios", apontando como exemplos "a confluência de riscos de curto prazo, como as tensões comerciais, as fragilidades financeiras e os riscos climatéricos".

O crescimento económico "é desigual e muitas vezes não chega onde é mais preciso", dizem os economistas, vincando que "as vulnerabilidades subjacentes põem perigo o progresso de longo prazo relativo à implementação da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável".

Entre os potenciais gatilhos de uma crise financeira, a ONU/DESA aponta "as tensões comerciais globais, os ajustamentos da política monetária nas economias desenvolvidas, choques de preços das matérias-primas, perturbações políticas na Europa associadas ao `Brexit` e as perturbações económicas ou políticas internas".

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