Bruxelas prevê que desemprego em Portugal chegue a 15,5% em 2012

por RTP
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As previsões da Comissão Europeia para a evolução da economia portuguesa em 2012 e 2013 são mais pessimistas que as que o Governo apresentou ainda este mês no Documento de Estratégia Orçamental. Bruxelas prevê que a taxa de desemprego em Portugal atinja 15,5 por cento este ano, uma décima acima do apontado pelo Executivo de Passos Coelho, e que o défice português fique duas décimas acima da meta de 4,5 por cento acordada com a ‘troika’.

As previsões de primavera da Comissão Europeia para Portugal são idênticos aos da última revisão do memorando de entendimento com a troika, mas mais pessimistas que os números avançados pelo Governo de Passos Coelho no Documento de Estratégia Orçamental (DEO), enviado para Bruxelas no início do mês.

O organismo europeu prevê uma contração do Produto Interno Bruto (PIB) português de 3,3 por cento este ano e uma subida de 0,3 por cento em 2013. O Executivo aponta para uma diminuição do PIB mais ligeira – de 3 por cento; e avança o dobro do crescimento previsto por Bruxelas para o próximo ano (0,6 por cento).

Em matéria de défice orçamental, a Comissão antecipa que Portugal não vai conseguir cumprir a meta acordada com a troika, ficando este ano duas décimas acima do limite de 4,5 por cento inscrito no memorando. Para 2013, a Comissão prevê um défice de 3,1 por cento - mais um ponto percentual que a meta do Executivo.

Quanto ao desemprego, os números de Bruxelas também defraudam o que foi antecipado pelo Governo, embora Vítor Gaspar já tenha vindo dizer que o aumento do desemprego tem sido superior ao esperado e, como tal, as previsões do Executivo serão revistas no início de junho. A Comissão prevê que a taxa de desemprego alcance este ano os 15,5 por cento, enquanto o Governo apenas previa uma taxa de 14,5 por cento no Documento de Estratégia Orçamental.

No relatório divulgado esta sexta-feira, Bruxelas diz ainda ter esperanças de que "o progresso continuado" na aplicação do memorando de entendimento com a troika possa "reforçar a confiança dos investidores", resultando numa redução dos juros da dívida soberana e na atração de investimento estrangeiro. No entanto, nota a Comissão, "as condições de financiamento continuam restritivas", com a banca a conceder cada vez menos crédito às empresas.
Portugal falha meta do défice acordado com a troika
De acordo com o relatório da Comissão Europeia, "a meta do défice público para 2012 de 4,5 por cento do PIB permanece válida". Mas “os riscos que pendiam sobre o cenário macroeconómico começaram a materializar-se", com o crescimento da economia dependente cada vez mais das exportações, à medida que a procura interna diminui e o desemprego aumenta.

Como a redução do défice se baseava em grande medida em impostos sobre o consumo privado (que deverá diminuir 6 por cento este ano), a Comissão espera agora uma derrapagem do lado orçamental, prevendo que o défice atinja 4,7 por cento do PIB, duas décimas acima do que havia inscrito nas previsões de outono de 2011 e da meta definida pelo Governo no acordo com a troika.

Dado o agravamento do cenário económico, a Comissão Europeia prevê que o Executivo procure uma "execução orçamental mais rigorosa", numa tentativa de cumprir os limites impostos no memorando.

Para 2013, a Comissão prevê ainda um défice de 3,1 por cento - mais um ponto percentual que a meta do Executivo.
Desemprego atinge 15,5 por cento em 2012Numa conferência de imprensa em Bruxelas após a apresentação das previsões da Comissão Europeia, Olli Rehn sublinhou que se assiste a uma mudança na evolução do PIB português, com a composição do crescimento a ser cada vez mais assente no aumento das exportações, e não tanto na procura interna.

Segundo o comissário europeu dos Assuntos Económicos, esta mudança "é positiva em termos de médio prazo", pois torna a economia "mais solidamente sustentável" e abre perspetivas de criação de postos de trabalho nos próximos anos.

No entanto, o vice-presidente da "Comissão Barroso" admitiu que "no curto prazo a situação no mercado de trabalho continua a piorar", inclusivamente desde a última revisão do programa de ajustamento.

"A taxa de desemprego subiu para 15 por cento em fevereiro, e deverá aumentar mais ainda este ano", preveem os técnicos da Comissão Europeia, antecipando que o desemprego atinja 15,5 por cento da população este ano e diminua apenas para 15,1 por cento em 2013.

As projeções de Bruxelas são mais pessimistas que as avançadas pelo Governo que, num anexo do Documento de Estratégia Orçamental (DEO) enviado para a Comissão no início do mês, previa apenas uma taxa de 14,5 por cento para 2012 e de 14,1 por cento no próximo ano.

No entanto, o ministro das Finanças, Vítor Gaspar, disse esta semana no Parlamento que o aumento do desemprego está a ser superior ao que seria de esperar tendo em conta a diminuição da atividade económica, pelo que o Governo irá rever as previsões em junho.
PIB contrai mais que o esperado em 2011Maior queda no consumo e no investimento da Europa

A Comissão Europeia prevê que Portugal tenha as maiores quebras no consumo e no investimento da Europa em 2012. Bruxelas estima que o consumo privado diminua 6 por cento e que o investimento cai 11,8 por cento este ano.

A redução do consumo será a maior de sempre em Portugal desde que há estatísticas, e deverá prolongar-se por 2013 - ano em que o consumo cairá 1 por cento, segundo a Comissão. Ainda assim, o valor para 2012 é ligeiramente menos negativo que o previsto pelo Governo - que antecipa uma quebra de 6,3 por cento.

Quanto ao investimento, a redução de 11,8 por cento já constava de projeções anteriores do Governo e da 'troika'. Será, por uma grande margem, a maior redução no investimento entre os 27: maior mesmo que na Grécia, onde o investimento vai recuar 7,9 por cento.

Bruxelas estima que a recessão em Portugal prolongue-se nos próximos meses e que só se sintam sinais ligeiros de retoma em 2013.

Este ano, a economia deverá contrair-se 3,3 por cento (mais três décimas do que o esperado pelo Governo), representando a queda do PIB mais acentuada em toda a Europa, com exceção da Grécia, onde o PIB deverá cair mais 4,7 por cento. Em 2013, a instituição espera que o PIB português aumente 0,3 por cento (o Executivo prevê uma subida de 0,6 por cento).

As exportações continuarão a ser o suporte da economia portuguesa, tanto este ano como no próximo. Para 2012, Bruxelas espera agora um crescimento ligeiramente mais forte que nas suas projeções do mês passado: um aumento de 2,5 por cento. Contudo, o valor representa ainda uma desaceleração significativa relativamente ao ano anterior (em que as exportações aumentaram 7,4 por cento).

Para 2013, a Comissão espera que "o motor do crescimento seja novamente as exportações, graças ao fortalecimento da economia da União Europeia e à melhoria da competitividade pelos preços através da continuação da restrição salarial".
Europa sente ligeira retoma só a partir de 2013
Bruxelas prevê uma contração de 0,3 por cento da economia da Zona Euro este ano, e uma estagnação no conjunto da União Europeia, com uma ligeira retoma a ocorrer apenas em 2013, confirmando as projeções de fevereiro passado.

Quanto ao desemprego, a Comissão Europeia não antecipa melhorias no próximo ano, projetando agora taxas recorde de 11 por cento tanto em 2012 como em 2013 na Zona Euro, e de 10,3 por cento para estes dois anos no conjunto dos 27.

Em termos de crescimento, as projeções divulgadas esta sexta-feira estão em linha com as "previsões intercalares" de fevereiro passado, quando o executivo comunitário reviu em baixo as projeções de crescimento tanto para a Zona Euro (-0,3 em vez de um ligeiro crescimento de 0,3) como para a União Europeia (estagnação, em vez de um crescimento de 0,6 pontos). Bruxelas conta com uma lenta recuperação económica a partir de 2013, com um crescimento de 1,0 por cento na Zona Euro e de 1,3 por cento na UE.

Quanto à taxa de inflação, o outro indicador que Bruxelas reviu em fevereiro passado, a Comissão prevê que esta se fixe nos 2,4 por cento na zona euro e nos 2,6 por cento na UE este ano, baixando em 2013 para os 1,8 e os 1,9 por cento, respetivamente.
Desemprego em Espanha sobe aos 25,1%As previsões da primavera da Comissão Europeia não são nada agradáveis para os nossos vizinhos de Espanha já que Bruxelas reviu em baixa as previsões macroeconómicas para 2012 antecipando que o país não cumprirá a meta de défice, que ficará nos 6,4 por cento do PIB, quando o acordado com o governo espanhol era de 5,4 por cento e o pretendido por Madrid se situava nos 5,8 por cento.

Para 2013 o défice será de 6,3 por cento, valores divulgados já depois do forte programa de austeridade do governo espanhol que prevê cortes de mais de 30 mil milhões de euros ao Orçamento do Estado para este ano.

Já em termos económicos a previsão agrava as expetativas da recessão, que em fevereiro tinham apontado para um por cento, mas que agora pode alcançar uma queda de 1,8 por cento do Produto Interno Bruto.

As más notícias para Espanha seguem no emprego com a taxa de desemprego a subir dos 21,7 do ano passado para 24,4 por cento este ano, atingindo mais de um quarto da população ativa (25,1 por cento) em 2013.

Também na Grécia a previsões de recessão se vão acentuar mais do que o previsto para este ano sendo a única da zona euro a entrar em deflação com o desemprego a continuar a aumentar.

O PIB na Grécia recuará 4,7 por cento este ano, mais do que os 4,3 por cento previstos no último boletim, mas abaixo do recuo de 6,9 por cento do ano passado, sendo que nas contas públicas o défice vai atingir os 7,3 por cento do PIB, contra os 9,1 por cento no ano passado, voltando a aumentar para 8,4 em 2013.

No desemprego as previsões apontam para os 19,7 por cento para este ano, com o emprego a contrair 4,8 por cento depois da contração de 6,7 por cento verificada no ano passado, mas em 2013 a previsão aponta uma melhoria na taxa de desemprego que se deverá fixar em 19,6 por cento.

Crescimento é o que se espera para a economia britânica que será este ano de 0,5 por cento graças a melhorias no consumo interno e nas exportações.

Bruxelas avança com um crescimento dos salários, o reforço dos orçamentos familiares e o consumo doméstico na segunda metade do ano graças à descida da inflação e ao efeito dos Jogos Olímpicos.

O emprego continua a não ser favorável devendo a taxa de desemprego crescer de oito por cento em 2011 para 8,5 por cento em 2012, devendo depois descer ligeiramente para 8,4 por cento no ano seguinte.

Na Irlanda as exportações continuam a compensar a contração do consumo interno pelo que a economia deverá continuar a crescer 0,5 por cento em 2012 e 1,9 por cento em 2013.

A taxa de desemprego deverá reduzir este ano de 14,4 para 14,3 por cento e depois em 2013 para 13,6 por cento.

Em Itália a Comissão Europeia reviu em baixa as previsões para a economia antecipando uma recessão maior este ano, de 1,4 por cento, e um aumento do desemprego tanto em 2012 como em 2013.

O défice das contas públicas será este ano de 2,0 por cento e de apenas 1,1 por cento em 2013 sendo que a dívida pública aumentará dos 120,1 por cento do PIB de 2011 para os 123,5 por cento este ano, antes de cair para os 121,8 por cento em 2013.

O emprego cairá 1,1 por cento este ano e 0,1 por cento em 2013, com a taxa de desemprego, que em 2011 foi de 8,4 por cento, a subir para os 9,5 por cento este ano e para os 9,7 por cento em 2013.

A Alemanha haverá crescimento, de 0,7 por cento este ano e 1,7 por cento em 2013, e o desemprego deverá diminuir dos 5,9 por cento em 2011para os 5,5 por cento este ano.

De acordo com as previsões o défice deverá cair ligeiramente para 0,9 por cento do PIB em 2012 e para 0,7 por cento do PIB em 2013, enquanto o desemprego deverá fixar-se nos 5,5 por cento este ano e deverá descer ligeiramente em 2013 para os 5,3 por cento.

Já em França, acabada de sair de umas eleições presidenciais com a saída de Sarkozy e a entrada de Hollande, a economia desacelerará este ano para um crescimento do PIB de apenas 0,5 por cento, que aumentará para 1,3 por cento em 2013, ainda assim, abaixo do crescimento de 2011.

As previsões apontam para que emprego registe uma subida ligeira este ano e no próximo, em ambos os casos de 0,4 por cento, mas muito abaixo do crescimento de 1,7 de 2011, o que significa que a taxa de desemprego deverá subir este ano para os 10,2 por cento e ligeiramente mais para os 10,3 por cento em 2013, acima dos 9,7 por cento com que terminou o ano passado.
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