Centrais sindicais querem respostas para populações e empresas

por Lusa

As centrais sindicais vão solicitar hoje ao Governo respostas para as populações e empresas, na sequência dos recentes incêndios no Centro do país, e medidas para evitar novas tragédias, numa reunião da concertação social, em Lisboa.

À entrada para o encontro com os parceiros sociais, o secretário-geral da UGT, Carlos Silva, afirmou querer conhecer qual a "disponibilidade que existe do Governo para implementar um conjunto de medidas que promovam a empregabilidade, que ajudem as empresas que foram destruídas, nomeadamente nos concelhos de Castanheira, Pedrogão e Figueiró dos Vinhos" e na área da Segurança Social.

A UGT também avançará com sugestões, mas pretende ainda perceber como se "aglutinam e articulam os esforços do país para apoiar a reconstrução de empresas", algumas das quais "totalmente destruídas, sobretudo na área das madeiras" e face à perda, na soma dos três concelhos, de "cerca de 200 postos de trabalho".

Carlos Silva indicou ser ainda necessária uma resposta dos empresários sobre o seu contributo para "agilizar o encontro de soluções", assim como um pacto de regime para as questões da floresta, que "não são matérias para uma legislatura".

"Tal como os portugueses esperam do Governo", Arménio Carlos, secretário-geral da CGTP, espera que se tomem as "medidas adequadas no presente para se evitarem tragédias futuras que podem levar a situações inadmissíveis".

"Está provado que existe muita legislação, o que faltou foi vontade política e determinação para concretizar a legislação", criticou o líder sindical, recordando que os atuais problemas podiam não existir, caso os avisos dos sindicatos tivessem sido levados em conta, como na "redução significativa dos guardas florestais, e também da prevenção".

Arménio Carlos espera que o processo seja conduzido com "rigor e responsabilidade" para evitar dentro de alguns anos "repetir a mesma discussão de hoje".

Para responder às consequências dos incêndios, o dirigente quer a criação de um fundo para "procurar repor materiais e condições para que as empresas possam rapidamente voltar a funcionar e salvaguardar os postos de trabalho", assim como a tomada de medidas para combater a desertificação.

Os incêndios que deflagraram na região Centro, há uma semana, provocaram 64 mortos e mais de 200 feridos, e só foram dados como extintos no sábado.

Mais de dois mil operacionais estiveram envolvidos no combate às chamas, que consumiram 53 mil hectares de floresta, o equivalente a cerca de 75 mil campos de futebol.

A área destruída por estes incêndios - iniciados em Pedrógão Grande, no distrito de Leira, e em Góis, no distrito de Coimbra - corresponde a praticamente um terço da área ardida em Portugal em 2016, que totalizou 154.944 hectares, segundo o Relatório Anual de Segurança Interna divulgado pelo Governo em março.

Das vítimas do incêndio que começou em Pedrógão Grande, pelo menos 47 morreram na Estrada Nacional 236.1, entre Castanheira de Pera e Figueiró dos Vinhos, concelhos também atingidos pelas chamas.

O fogo chegou ainda aos distritos de Castelo Branco, através da Sertã, e de Coimbra, pela Pampilhosa da Serra.

O incêndio de Góis, que também começou no dia 17, atingiu ainda Arganil e Pampilhosa da Serra, sem fazer vítimas mortais.

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