CGD com lucro de 68 milhões de euros no primeiro trimestre

por RTP
Rafael Marchante - Reuters

A Caixa Geral de Depósitos registou um resultado líquido de 68 milhões de euros no primeiro trimestre de 2018. Nos primeiros três meses de 2017, o banco público tinha registado um prejuízo de 39 milhões de euros.

“Relembro que a Caixa Geral de Depósitos tem o objetivo de fazer muito melhor do que está no plano estratégico e atingir um dígito este ano”, afirmou Paulo Macedo, presidente da CGD, na sua intervenção.

O presidente do banco público realçou que para o aumento dos lucros registou-se um “crescimento das comissões de 6 por cento” e uma “redução de custos de 11 por cento, o que fez com que o core tenha crescido 27 por cento em termos homólogos”.

A margem financeira desceu um por cento para 297 milhões de euros, com a margem financeira na atividade em Portugal a aumentar 6,1 por cento para 182,9 milhões de euros.

Já os resultados de comissões e serviços cresceram 9 por cento para 116 milhões de euros, para o que contribuiu o aumento de 13,8 por cento das comissões em Portugal para 89 milhões de euros, o que, diz a CGD, reflete "as medidas do Plano Estratégico implementadas em 2017".

As provisões e imparidades reduziram-se 88 por cento, passando dos 108 milhões de euros constituídos no primeiro trimestre de 2017 para 13 milhões de euros entre janeiro e março deste ano.

Ainda no primeiro trimestre, o grupo CGD teve custos de 58,5 milhões de euros referentes aos programas de redução de pessoal, utilizando uma provisão já constituída em 2017.
CGD não pode ser o único a divulgar maiores devedores
O presidente executivo da Caixa Geral de Depósitos (CGD), Paulo Macedo, disse hoje que o banco não aceita ser discriminado negativamente e ser o único a ser solicitado os dados dos maiores devedores.

"O que a CGD não aceita é ser discriminada negativamente. (...). O que a Caixa não deve ser é discriminada negativamente, senão os próprios clientes iriam discriminar negativamente", disse Paulo Macedo na conferência de imprensa de apresentação dos resultados do primeiro trimestre, com lucros de 68 milhões de euros).

Na semana passada, o PSD anunciou que ia pedir a divulgação dos 50 maiores devedores da CGD desde 2000.

Já o PCP considerou que tal significava o tratamento desigual face a outros bancos, tendo anunciado um requerimento para pedir ao Banco de Portugal que disponibilize as listas de grandes devedores de todos os bancos alvo de ajuda pública e medidas de resolução, o que foi aprovado em comissão parlamentar na quarta-feira.

Ainda sobre este tema, Paulo Macedo considerou hoje que "não há a possibilidade de existir essa informação (dos maiores devedores) em termos públicos" a não ser que seja alterada a legislação, mas afirmou também que é necessário que as regras em Portugal sejam "as impostas e aplicadas em termos europeus".

"Vale a pena lutar pela transparância, mas vale a pena ver se as regras de Portugal são as de outros países", vincou.

O governador do Banco de Portugal, Carlos Costa, disse na quarta-feira, no parlamento, que a informação sobre os maiores devedores dos bancos não pode ser pública, referindo que a legislação "não permite pôr na praça pública uma lista", e pediu que qualquer iniciativa do parlamento seja tomada depois de "ponderados os prós e contras" dessa decisão e respeitando "o enquadramento legislativo europeu, incluindo o regulamento do mecanismo único de supervisão".

Além disso, acrescentou, também não é possível, pela legislação, que haja "tratamento diferenciado em função da propriedade da instituição". Ou seja, não é possível aceder a informação apenas da Caixa Geral de Depósitos (CGD) por ser um banco público.

Sobre a forma como os deputados poderiam aceder a essa informação, Carlos Costa considerou que terão de ser os juristas a avaliar as possibilidades, considerando que caso haja acesso pelos deputados tem de ser feito de modo a que esses respeitem as mesmas "regras de sigilo a que estão obrigados os restantes indivíduos e instituições que têm acesso" a essa informação.
Impacto de juros negativos no crédito será reduzido
O presidente da Caixa Geral de Depósitos (CGD) considerou hoje que será reduzido o impacto financeiro no banco público da proposta que está no Parlamento e que poderá obrigar os bancos a refletirem nos contratos de crédito à habitação os valores negativos das taxas Euribor.

"O impacto não é muito significativo para a Caixa, impactará clientes com 'spreads' de menos de 0,4%, impactará os melhores clientes e não será um efeito muito significativo", disse Paulo Macedo aos jornalistas, na conferência de imprensa de apresentação dos resultados do primeiro trimestre (no qual registou 68 milhões de euros de lucros).

"O impacto é reduzido na Caixa", vincou.

Esta quarta-feira, os deputados aprovaram na especialidade o projeto do Bloco de Esquerda consensualizado com o PS que obriga os bancos a refletirem nos contratos do crédito à habitação os valores negativos das taxas Euribor.

O PS anunciou em 22 de março ter chegado a acordo com o Bloco de Esquerda para que os clientes de bancos sejam beneficiados com um crédito de juros relativo à totalidade do período em que a taxa Euribor seja negativa, caso a junção da Euribor e do 'spread' (margem de lucro comercial) dê um valor negativo.

Se o diploma for aprovado pelo parlamento, em caso de juros negativos, cria-se um crédito de juros do cliente bancário que será abatido quando os juros subirem e passarem a ter um valor positivo.

Desta forma, os bancos não teriam de imediato de pagar uma pequena parte dos empréstimos aos clientes. Contudo, os bancos deverão ter de contabilisticamente registar essa imparidade desde logo.

Este tema tem motivado posições de rejeição dos bancos e a vice-governadora do Banco de Portugal (BdP), Elisa Ferreira, mostrou, em abril, preocupação, considerando que se trata de uma questão "particularmente complexa" e difícil de prever o impacto já que "são águas nunca dantes navegadas".

C/Lusa
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