China exige aos Estados Unidos que cancelem sanções contra tecnológicas chinesas

por Lusa

A China exigiu hoje a Washington que suspenda as sanções sobre empresas de tecnologia chinesas alegadamente envolvidas numa campanha repressiva contra minorias étnicas de origem muçulmana, e alertou que "salvaguardará resolutamente" os interesses do país.

O ministério chinês do Comércio criticou as restrições impostas à venda de tecnologia norte-americana a um total de 28 entidades chinesas, incluindo firmas que desenvolvem sistemas de reconhecimento facial e outras tecnologias de inteligência artificial.

As autoridades norte-americanas acusam aquelas empresas de fornecerem tecnologia usada para reprimir membros de minorias étnicas de origem muçulmana em Xinjiang, no extremo oeste da China.

"Pedimos aos Estados Unidos que parem imediatamente de fazer comentários irresponsáveis sobre a questão de Xinjiang, que parem de interferir nos assuntos internos da China e que removam as entidades chinesas relevantes da Lista de Entidades o mais rápido possível", afirma-se num comunicado do ministério.

"A China tomará todas as medidas necessárias para proteger resolutamente os seus interesses", avançou o ministério, sem detalhar quais serão as possíveis medidas de retaliação.

Apesar da nova fonte de tensão entre os dois países, o ministério confirmou na terça-feira que uma delegação composta pelo vice-primeiro-ministro Liu He, o ministro do Comércio ou o governador do banco central chinês, vai retomar esta semana, em Washington, as negociações para um acordo que ponha fim à guerra comercial.

Pequim e Washington impuseram já taxas alfandegárias adicionais sobre centenas de milhares de milhões de dólares das exportações de cada um.

No cerne das disputas está a política de Pequim para o setor tecnológico, que visa transformar as firmas estatais do país em importantes atores globais em setores de alto valor agregado, como inteligência artificial, energia renovável, robótica e carros elétricos.

As sanções anunciadas na segunda-feira impedem efetivamente as empresas norte-americanas de venderem tecnologia a empresas chinesas sem aprovação prévia da Casa Branca.

O Departamento de Comércio incluiu ainda agências do governo local da região de Xinjiang, no extremo noroeste da China, onde acusa os grupos listados de estarem envolvidos na "campanha de repressão, detenção arbitrária em massa e uso de alta tecnologia para vigilância" contra membros das minorias étnicas de origem muçulmana uigur ou cazaque.

Organizações não-governamentais estimam que a China mantém detidos cerca de um milhão de uigures e cazaques, em campos de doutrinação política, em Xinjiang.

Antigos detidos relataram maus tratos e violência, e afirmam terem sido forçados a criticar o islão e a sua própria cultura, e a jurar lealdade ao Partido Comunista.

Depois de, inicialmente, negar a existência dos campos, Pequim diz agora que se tratam de centros de "formação vocacional", destinados a treinar uigures, como parte de um plano para trazer a minoria étnica para o mundo "moderno e civilizado", e eliminar a pobreza no Xinjiang.

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