Cientista Alexandre Quintanilha alerta para "apartheid climático" que penalizará os mais pobres

por Lusa

Óbidos, Leiria, 20 out 2019 (Lusa) -- O mundo está a viver um "apartheid climático", afirmou hoje Alexandre Quintanilha, considerando que serão os mais pobres aqueles que mais irão sofrer, no futuro, as consequências das alterações climáticas.

"Estamos a viver um `apartheid` (segregação) climático e, quem tem muito dinheiro e pode pagar aquecimentos e aparelhos de ar condicionado não se preocupa, mas quem não tem dinheiro vai sofrer as consequências das alterações climáticas", disse o cientista, em Óbidos.

Orador nas últimas das 16 mesas de autores do Folio -- Festival Literário Internacional de Óbidos, Alexandre Quitanilha alertou hoje para as consequências das alterações climáticas para o planeta Terra onde, no futuro, "será de esperar o aparecimento de mais eventos extremos" como "grandes tempestades, secas severas e a alteração do clima em algumas zonas do planeta".

A subida média da temperatura no planeta é um dos sinais de mudança apontados hoje também por Pedro Matos Soares, cientista e orador na mesma mesa, onde chamou a atenção para o facto de os "ciclos de aquecimento e arrefecimento" do planeta acontecerem atualmente num horizonte temporal bastante menor.

A reflexão sobre as alterações climáticas provocadas pelo homem passou pelas vantagens e desvantagens da aposta em veículos elétricos ou pelos efeitos nefastos que o tipo de alimentação que a humanidade prática pode provocar nos ecossistemas.

"Mais de mil milhões de pessoas não consomem as calorias necessárias e outros mais de mil milhões comem demais", disse Alexandre Quintanilha, acrescentando que a maior preocupação, no entanto, será "não haver água suficiente, o que gerará um grande problema de abastecimento e de qualidade da água que iremos consumir".

Além do tema das alterações climáticas o Folio -- Festival Literário Internacional de Óbidos focou também, no seu último dia, o problema da desmatação da Amazónia, assinalado com um minuto de silencio e 30 minutos de poesia declamada pelos escritores Afonso Cruz, Ondjaki e Valter Hugo Mãe, e por elementos do público.

Em direto do Brasil, através de `video conferência`, esteve Volnei Canónica, presidente do Instituto Quindim, responsável pelo projeto "Amazónia Chama", que junta diversos artistas em ações que chamam a atenção para as queimadas na floresta amazónica.

O Folio -- Festival Literário Internacional de Óbidos fechou hoje depois de 11 dias e de 450 horas de programação, marcados por mais de 210 iniciativas em torno da literatura.

Sob o tema "O Tempo e o Medo" mais de meio milhar de convidados de quatro continentes participaram em 16 mesas de escritores, 12 exposições e 13 concertos.

Organizado em cinco capítulos (Autores, Folia, Educa, Ilustra e Folio Mais) o festival é organizado desde 2015 pela Câmara Municipal de Óbidos e a empresa municipal Óbidos Criativa, em parceria com a Sociedade Óbidos Vila Literária e outros parceiros institucionais.

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