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Companhias aéreas do grupo Virgin vão da falência aos despedimentos

por RTP
Loren Elliott, Reuters

A companhia aérea Virgin Australia anunciou esta quarta-feira que vai fechar uma das suas filiais e suprimir três mil postos de trabalho, devido à crise provocada pela Covid-19, que afetou drasticamente as empresas do sector. Richard Branson declarou também falência da Virgin Atlantic esta semana, tentando conseguir proteção contra os credores nos Estados Unidos.

Com uma dívida de cinco mil milhões de dólares australianos (2,95 mil milhões de euros), a Virgin Australia já estava numa situação financeira precária antes da pandemia, que abalou a indústria aérea mundial. Mas, esta quarta-feira, viu-se obrigada a anunciar o encerramento de uma das suas filiais e a acabar com, pelo menos, três mil postos de trabalho.

"Como empresa, precisamos de fazer mudanças para garantir o sucesso do Grupo Virgin Australia neste novo mundo", disse Paul Scurrah, CEO (diretor executivo) da companhia aérea fundada pelo homem de negócios britânico Richard Branson.

O grupo vai encerrar a sua filial de baixo custo Tigerair Australia e pretende reduzir a mão-de-obra em um terço, eliminando três mil empregos. A reestruturação da companhia aérea, desenvolvida sob o novo proprietário Bain Capital, também vai reduzir a frota de aeronaves para metade.

Paul Scurrah lamenta, no entanto, não poder garantir que não haja mais empregos em risco, avança o Guardian. O novo proprietário da empresa, o grupo norte-americano Bain Capital, planeia reduzir a frota da companhia e realizar apenas voos internos nos próximos tempos, mantendo duas "classes de viagem" e a manutenção das salas de espera do aeroporto.

Assim, vai ser "descontinuada" a marca Tigerair Australia, mas será mantido o Certificado de Operador Aéreo (AOC) e o suporte necessário para garantir a opção de relançar viagens de baixo custo quando o mercado recuperar.

Com a chegada do vírus e o encerramento das fronteiras da Austrália a não residentes, a companhia foi forçada a suspender todos os voos internacionais.

"Serão necessários pelo menos três anos para regressar ao nível pré-covid-19 da procura de viagens nacionais e internacionais de curta distância", acrescentou Scurrah.

Para o CEO da companhia aérea, é claro que a indústria da aviação "está em constante crise, neste momento". "No setor em que estamos, atualmente, nada pode ser garantido".

A Virgin Australia foi a primeira companhia aérea do Grupo Virgin a entrar com um pedido de administração voluntária — uma forma de falência — ainda em abril, depois de o governo federal ter rejeitado todos os pedidos de resgate da empresa.
Virgin Atlantic pede falência
A Virgin Atlantic declarou falência na terça-feira e quer proteção contra os credores nos EUA, de acordo com um processo judicial em Nova Iorque.

Já em maio a companhia aérea comunicou que poderia vir a cortar mais de três mil empregos e que fecharia a sua base no aeroporto de Gatwick, em Londres. Esta semana, a empresa afirmou no tribunal de Londres que poderia ficar sem dinheiro em setembro se não conseguisse um acordo de reestruturação.

Mas, na terça-feira, a Virgin Atlantic Airways iniciou o processo de insolvência, ao abrigo do artigo 15 de Nova Iorque, que permite que um devedor estrangeiro proteja ativos nos EUA. Ou seja, protege efetivamente os ativos da Virgin Atlantic dos credores nos EUA, enquanto um tribunal do Reino Unido supervisiona as reivindicações.

Uma porta-voz da Virgin Atlantic disse que o plano de reestruturação estava diante de um tribunal britânico "para garantir a aprovação de todos os credores relevantes antes da implementação", avança a Bloomberg.

Esta é a segunda companhia aérea do Grupo Virgin que pede este tipo de proteção, tendo sido a Virgin Australia a primeira a entrar com um pedido de administração voluntária, em abril.

O anúncio de falência da companhia aérea, esta quarta-feira, acontece pouco mais de um mês depois de a Virgin Atlantic ter afirmado que tinha garantido financiamento para se manter por mais 18 meses.

A Virgin Atlantic anunciou um pacote de resgate privado de 1,2 mil milhões de libras em julho, mas não finalizou o acordo. A companhia aérea também pediu, sem sucesso, um resgate ao governo britânico. E Richard Branson, fundador do Grupo Virgin, chegou mesmo a oferecer a sua ilha particular como garantia para um resgate ou empréstimo.

Mas na terça-feira, numa audiência em Londres, o tribunal deu o aval para uma reunião permitindo que os credores votassem no plano de reestruturação.

Com sede em Londres, cerca de 49 por cento da Virgin Atlantic pertence à Delta Air Lines. No entanto, a Delta não pode salvar a companhia, uma vez que as leis de propriedade estrangeira do Reino Unido impedem o aumento da participação de qualquer investidor.

A empresa opera exclusivamente rotas internacionais longas e suspendeu todas as viagens de passageiros em abril, quando a pandemia provocou uma queda nas viagens. Em julho, a companhia voltou a operar, mas de forma gradual e com menos viagens.

c/ agências
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