Contrapropostas da IP. O que diz Guilherme de Oliveira Martins "é falso", diz sindicato

por RTP
A greve dos trabalhadores da IP - Infraestruturas de Portugal, afetou esta segunda-feira centenas de ligações de comboio, sobretudo de longo-curso e regionais. Mário Cruz - Lusa

O secretário de Estado das Infraestruturas, Guilherme Oliveira Martins, acusou esta segunda-feira os sindicatos de não apresentarem contrapropostas e recusou voltar à mesa das negociações. Esta noite, no Telejornal, Orlando Gonçalves, do Sindicato da Função Pública, refutou a acusação.

"Não é aquilo que dizia o senhor secretário de Estado esta tarde, de que os sindicatos é que não apresentaram uma contraproposta, isto é falso, absolutamente falso."

"É lamentável que haja uma falta de vontade para resolver esta situação, porque de facto está apenas, única e exclusivamente, na mão do Governo resolver esta situação", afirmou o sindicalista.

"O Governo é que não quis assumir aquilo a que se comprometeu com os sindicatos verbalmente, ao longo das reuniões, não quis assumir por escrito qualquer compromisso, nem da integração do aumento salarial em janeiro de 2019, e muito menos a questão dos funcionários públicos, da alteração legislativa que é necessária para que o ACT se aplique também à Função Pública", acusou.

Os trabalhadores da IP - Infraestruturas de Portugal, cumprem esta segunda-feira até à meia-noite, um dia de greve por aumentos salariais. Os funcionários da IP não têm aumentos desde 2009.

Milhares de pessoas esperaram esta segunda-feira em vão por comboios que os levassem de regresso a casa, após o fim-de-semana prolongado da Páscoa.

Verbas para aumentos
Entrevistado no Telejornal, Orlando Gonçalves desmentiu também o secretário de Estado quanto aos encargos financeiros alegadamente acarretados pelas exigências sindicais para aumentos salariais.

Guilherme de Oliveira Martins afirmou esta tarde que "estão desbloqueados, para descongelamento de carreiras para a IP, 10 milhões e meio de euros, que vão refletir nos trabalhadores da IP um valor médio de acréscimo de 2 mil e 500 euros, por trabalhador".

"Se essa proposta estivesse em cima da mesa não estavamos a falar em aumentos de 20 euros por mês, estavamos a falar de aumentos de 160 euros por mês", responderam os sindicatos.

Orlando Gonçalves lembrou por seu lado esta noite no Telejornal que o pedido dos sindicatos para o aumento é de 240 euros anuais para cada trabalhador "e a empresa tem cerca de 3700 trabalhadores, pelo que, é só fazer as contas."

"Nem chega a ser um milhão" de aumentos, afirmou, questionando "onde é que, quer a empresa foi buscar ontem 11,8 milhões de euros e hoje o senhor secretário de Estado falava em 10 milhões e meio."

"A seriedade é muito pouca por parte de ambos", considerou. "Não querem resolver o problema, não se percebe porquê, mas está exatamente nas mãos deles", concluiu.
Mais ações de luta
"E lógico que, se o Governo continuar a negar-se a negociar com os sindicatos, como hoje foi dado a entender pelo senhor secretário de Estado, iremos ter mais ações de luta", prometeu, sem avançar quais poderão ser.

Os sindicatos voltam a reunir quarta-feira dia 4 de abril, para decidir "o que fazer no futuro" e avaliar a greve desta segunda-feira e a do passado dia 12 de março.

A CGTP criticou entretanto esta segunda-feira a "atitude prepotente" do Governo que não impediu hoje a greve da IP.A greve da Infraestruturas de Portugal, que junta 13 sindicatos responsáveis pela paralisação, deixou esta segunda-feira centenas de comboios parados e milhares de passageiros em terra. A CP afirma que dos 1027 comboios previstos circularam 621 e 406 foram suprimidos.

A greve da Infraestruturas de Portugal afetou sobretudo as ligações de longo curso e regionais. Até às 18 horas, dos 18 comboios alfa-pendulares previstos circularam três, e dos 36 intercidades esperados registaram-se 10. A circulação urbana em Lisboa e Porto foi quase normal, com 80 por cento dos comboios a circular.

A CP afirma que a greve afetou 40 por cento dos comboios em todo o país. Os sindicatos apontam para 80 por cento de adesão.

E acusaram a empresa de substituir trabalhadores.

Para dias 16 e 17, entre as 12:00 de dia 16 e a mesma hora de dia 17, está prevista já uma greve dos maquinistas do setor ferroviário, em defesa de direitos sociais e laborais e por mais e melhor segurança na circulação de comboios.
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