Conversa Capital com Nuno Ribeiro da Silva, Presidente da Endesa

por Antena1

Foto: Antena1

Entre 10 a 15 por cento dos clientes da Endesa estariam sujeitos a cortes de eletricidade se os contratos não tivessem sido suspensos e as dividas renegociadas e pagas a prestações.

A revelação é feita pelo presidente da Endesa em entrevista à Antena1 e ao Jornal de Negócios. Nuno Ribeiro da Silva adianta ainda que a tendência é que o incumprimento continue a aumentar.

Ainda assim um dos maiores incumpridores junto da empresa é o Estado. Sem conseguir precisar valores, Nuno Ribeiro da Silva referiu que a divida ascende já às dezenas de milhões de euros. O presidente da Endesa considera a situação "incompreensível". Lembra que é recorrente o Estado arrastar pagamentos e ter dívidas acumuladas, mas considera que nesta altura "devia ter um papel mais cuidadoso em ser cumpridor a tempo e horas porque podia ser uma boa almofada para diminuir os problemas de tesouraria dos fornecedores". No caso da Endesa refere que a empresa "tem corpo para levar mais paulada mas a resistência não é ilimitada".

Quanto à taxa social de eletricidade, Nuno Ribeiro da Silva considera que a sua continuidade é insustentável. Defende por isso que seja o Estado a pagar essa fatura e sobretudo a ensinar as pessoas a poupar energia.

Nuno Ribeiro da Silva admite que a transição para as renováveis possa fazer baixar a fatura da eletricidade mas ainda assim lembra que isso só vai mesmo acontecer quando o Estado deixar de cobrar os impostos que cobra, porque 50 por cento da fatura são taxas e impostos. Neste sentido lembra também que a Contribuição Extraordinária sobre o Sector da Eletricidade criada para compensar o chamado défice tarifário não tem baixado apesar do défice tarifário estar a diminuir.

Nesta entrevista o presidente da Endesa revelou que a central a carvão do Pego vai fechar no dia 21 de novembro deste ano e que vai demorar cerca de 4 anos até desmantelar e descontaminar os solos, uma empreitada que vai custar dezenas de milhões euros. De futuro será instalado no local um misto de opções de renováveis, dentro das linhas de orientação do governo para a transição energética.

O presidente da Endesa denuncia as constantes críticas políticas e em concreto do BE ao sector da eletricidade, a instabilidade, falta de previsibilidade e a burocracia associada aos licenciamentos, como fatores que podem comprometer os objetivos nacionais em matéria e renováveis e afastar eventuais investimentos. Nesta entrevista à Antena1 e Jornal de Negócios, Nuno Ribeiro da Silva considera mesmo que "há uma urgência enorme em fazer ontem a concretização dos investimentos nestas novas áreas".

No caso da Endesa, Nuno Ribeiro da Silva revelou que o grupo tem 4,4 mil milhões de euros ate 2023 para investir na descarbonização e nas renováveis mas vai adiantando que se Portugal não tiver rapidez e não for competitivo o dinheiro vai para Espanha e não vem para Portugal.

Uma entrevista conduzida pelos jornalistas Rosário Lira, da Antena1 e Ana Batalha Oliveira do Jornal de Negócios.
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