Coronavírus. Epidemia pode custar 1,1 biliões de dólares do PIB Mundial

por RTP
Heo Ran, Reuters

A epidemia do novo coronavírus pode provocar uma queda de 1,1 biliões de dólares no Produto Interno Bruto mundial caso se torne numa pandemia. O estudo divulgado pela consultora Oxford Economics aponta para um "efeito assustador" do vírus na economia.

De acordo com um estudo da Oxford Economics, se o COVID-19 se tornar uma pandemia os crescimentos económicos dos Estados Unidos e da zona euro irão entrar em “recessões técnicas”, afirmou Adam Slater, responsável pela investigação.

A consultora declarou que o vírus já está a ter um “efeito assustador”, uma vez que o foi responsável pelo encerramento de várias fábricas chinesas.

Slater refere que uma pandemia custará 1,1 biliões de dólares à economia global. Essa quebra representaria o mesmo que perder toda a produção anual da Indonésia – a 16ª maior economia do mundo.

Se o novo coronavírus se limitar à Ásia, o PIB mundial poderá cair 400 mil milhões de dólares, ou meio ponto percentual, em 2020. O crescimento na região Ásia-Pacífico cairia para 1,5 por cento no primeiro semestre de 2020 – tornando-se, nesse cenário, no mais lento desde a crise financeira global.
Consultora tem vários cenários em cima da mesa

Os cenários apresentados pela Oxford Economics são baseados noutros surtos, como a SARS ou a gripe suína, e assumem que o declínio económico vai acontecer em várias áreas.

Algumas das razões apontadas pelo estudo para justificar esta descida estão relacionadas com a diminuição dos gastos – “que geralmente acontecem quando uma pessoa está doente” –, a existência de uma queda acentuada nos gastos em viagens e em turismo, o aumento dos entraves na produção – “que acontecem quando existe um número muito elevado de pessoas doentes” – e um menor investimento.

A consultora acredita que vai existir uma “recuperação em V”, com um forte golpe no início, seguida de uma rápida e acentuada recuperação.

Julian Evans-Pritchard, da Capital Economics, considera que a capacidade da economia de recuperar rapidamente pode ser prejudicada pelo “cenário do emprego”, ainda que a maioria das empresas chinesas tenham fundos suficientes para continuar a pagar aos credores e funcionários durante alguns meses.

Evans-Pritchard afirma que cerca de 13 por cento das empresas já começaram a demitir trabalhadores, sendo que a tendência é que as demissões aumentem, “a menos que a atividade se recupere muito em breve”.

A Organização Mundial do Comércio (OMC) comunicou que o seu indicador de comércio e mercadorias sugere que o crescimento económico está abaixo do que seria expectável.
O impacto na zona euro
De acordo com o Centro de Investigação Económica alemão (ZEW), o “sentimento económico” relativamente à zona euro diminuiu de 25,6 em janeiro para 10,4 pontos em fevereiro.O indicador recolhe a opinião de 350 investidores institucionais e analistas alemães, ouvidos mensalmente pelo ZEW.

A queda em fevereiro foi pressionada pela depressão do indicador italiano, que caiu de 20,6 para 10,7 pontos.

Segundo a Oxford Economics, apesar de tudo o indicador “ainda não resvalou para um sintoma de pessimismo”. Embora considere que a culpa da redução do otimismo se deva ao surto do COVID-19, a consultora refere que o mercado está a enfrentar o impacto do coronavírus como “um episódio transitório”.
Grandes empresas assumem dificuldades

O COVID-19 já provocou danos em várias empresas internacionais. O encerramento de algumas fábricas chinesas levou a que essas empresas começassem a pensar na dificuldade que poderá vir a representar o fabrico dos seus produtos.O COVID-19 já infetou mais de 75 mil pessoas e provocou a morte de mais de duas mil pessoas.

A Apple comunicou aos seus investidores que não vai alcançar as metas de receita trimestral devido à oferta “temporariamente restrita” de iPhones, causada pelo encerramento de algumas fábricas fornecedoras.

Também a Jaguar Land Rover afirmou estar a ter problemas com o fabrico das peças automóveis, assumindo que pode ficar sem peças suficientes nas fábricas britânicas no final desta semana.

Juntam-se a estas empresas McDonald’s, Starbucks, Tesla, Honda Motor e Nissan Motor, entre outras, alegando o mesmo tipo de problemas.

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