COTEC Europa. Marcelo reclama "União 4.0" para "economia 4.0"

por Carlos Santos Neves - RTP
“Aqui chegados, é tempo de pararmos uns minutos para nos interrogarmos: esta economia 4.0 não exigirá uma União Europeia 4.0?”, questionou o Presidente da República Mário Cruz - Lusa

Marcelo Rebelo de Sousa encerrou esta quarta-feira o XII Encontro COTEC Europa, em Mafra, com uma pergunta sobre o tema dominante do evento, a quarta revolução industrial: “Esta economia 4.0 não exigirá uma União Europeia 4.0?”.

É insuficiente encarar a denominada quarta revolução industrial na perspetiva da criação de novos postos de trabalho. Impõe-se responder antecipadamente a fenómenos de desigualdade daí decorrentes. Foi esta a mensagem que marcou o discurso de encerramento do XII Encontro COTEC Europa, durante o qual o Presidente da República lançou um apelo à reflexão.
O Encontro COTEC Europa contou com a presença do monarca espanhol Felipe VI e do Presidente italiano, Sergio Mattarella.

“Aqui chegados é, porém, tempo de pararmos uns minutos para nos interrogarmos: esta economia 4.0? E sistemas políticos 4.0? E sistemas sociais 4.0?”, questionou Marcelo, depois de assinalar o “ritmo vertiginoso” da evolução quotidiana da economia, à semelhança, de resto, do que fizeram, no mesmo evento, o comissário europeu Carlos Moedas e o ministro da Economia, Manuel Caldeira Cabral.

Embora entenda que “nada parará a mudança”, o Presidente adverte que esta “poderá ser mais ou menos rápida, mais ou menos duradoura e, sobretudo, mais ou menos justa conforme seja acompanhada, para não dizer antecipada, por uma União Europeia 4.0, sistemas políticos 4.0, sistemas sociais 4.0”.

“Isto é, por um ambiente ajustado à era digital, que maximize vantagens e minimize fragilidades nas instituições europeias, nos sistemas políticos e nos sistemas sociais”, explicou Marcelo Rebelo de Sousa.

Ainda segundo o Presidente da República, “nem a economia nem a política são fins em si próprios”: “Existem porque há pessoas de carne e osso”.

“Não basta pensar no novo trabalho, nos novos empregos, é preciso pensar nas crescentes desigualdades, nas crescentes clivagens, nas pessoas concretas, seus diversos tempos e seus múltiplos modos”, fez notar.
“Estruturas distanciadas dos povos”

A União Europeia, sustentaria o Chefe de Estado, terá de capitalizar “os poucos meses que lhe faltam para o início do longo processo eleitoral de 2019” e “ir mais longe”. Desde logo em matéria de união económica e monetária.
“Aconselha-se hoje, mais do que nunca, a promover em todos os níveis educativos o valor da adaptação à mudança”, defendeu em Mafra o Rei de Espanha, Felipe VI.
“Não podemos querer ter economias 4.0 com sistemas políticos 2.0 ou 3.0. Podem não inviabilizar, mas travam com certeza o ritmo do futuro”, propugnou.

Marcelo culminou a intervenção com a ideia de que há hoje “mais ciência, mais tecnologia” e “mais inteligência criativa na economia”; prevalecem, todavia, “estruturas políticas concebidas para a Europa e o mundo dos anos 70 a 90, ultrapassadas, rígidas, distanciadas dos povos”.

A abertura do XII Encontro COTEC Europa coube ao ministro da Economia. Manuel Caldeira Cabral sustentou que “o caminho de Portugal nesta indústria 4.0 é o de estar ao lado dos países líderes”.

“E de usar a enorme capacidade da nossa indústria, dos nossos jovens e das nossas empresas de software para estar à frente e liderar e não seguir atrás”, insistiu Caldeira Cabral.

c/ Lusa
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