Crédito malparado, a inquietação portuguesa do BCE

por Carlos Santos Neves - RTP
“Persistem vulnerabilidades significativas, em especial no sector bancário”, sublinhou esta segunda-feira o presidente do BCE, Mario Draghi Denis Balibouse - Reuters

Portugal patenteou “progressos significativos em todas as frentes”, mas há ainda “vulnerabilidades significativas, em especial no sector bancário”. Foi este o sinal amarelo acionado esta segunda-feira pelo presidente do Banco Central Europeu. Mario Draghi destacou o “número elevado de crédito malparado”, um problema “sobretudo da periferia”.

“Foram alcançados, de facto, progressos significativos em Portugal, em todas as frentes. Esse é o primeiro ponto que devemos ter em mente. O segundo é que, contudo, persistem vulnerabilidades significativas, em especial no sector bancário, onde ainda temos um número elevado de crédito malparado, como em outros países, sobretudo da periferia, e estas vulnerabilidades devem ser enfrentadas”, advertiu o presidente do BCE, que esteve na comissão de Assuntos Económicos do Parlamento Europeu, em Bruxelas.
A taxa de referência do BCE mantém-se a zero. A instituição vai continuar a adquirir dívida pública e privada até ao término de 2017, ao ritmo de 60 mil milhões de euros por mês.

Em resposta a uma pergunta do eurodeputado socialista Pedro Silva Pereira, Mario Draghi sustentou que tais “vulnerabilidades têm de ser enfrentadas antes de mais para o próprio bem” dos bancos. “Mas também para explorar ao máximo a capacidade dos bancos portugueses de apoiarem e financiarem a economia real”.

O presidente do banco diretor da Zona Euro insistiu na ideia de que os problemas levantados pelo crédito de cobrança duvidosa são ainda “um entrave” ao financiamento quer dos tecidos empresariais dos países-membros, quer das famílias.

Duarte Valente, Pedro Escoto - RTP

Draghi foi também ouvido em sede de comissão de Assuntos Europeus, onde quis deixar claro que o BCE permanece “firmemente convencido da necessidade de manter o apoio da política monetária”. Isto para que a inflação se perpetue, a médio prazo, num patamar a rondar os dois por cento.

A política é assim para manter, embora Draghi reconheça o facto de “os riscos para o crescimento continuarem a diminuir”.

“Apesar de uma recuperação mais firme”, afirmou o presidente do Banco Central Europeu, a inflação tem-se mostrado “volátil”, ao passo que a inflação subjacente – expurgada de preços de produtos alimentares e energéticos – é ainda “suave”.

Acresce que os salários não estão a subir a um ritmo que ajude a empurrar os preços para os patamares que o BCE pretende. Na reunião de 8 de junho, o Conselho de Governadores tratará de reavaliar as perspetivas de crescimento e da inflação, a partir de estimativas atualizadas.

c/ agências
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