Davos. Mnuchin e Lagarde defrontam-se na arena da crise climática

por RTP
A presidente do BCE, Christine Lagarde, e o secretário do Tesouro norte-americano, Steven Mnuchin James Lawler Duggan - Reuters

Europa e Estados Unidos entraram em colisão na sessão final do Fórum Económico Mundial, em Davos, por causa do aquecimento global. O secretário do Tesouro da Administração Trump desvalorizou os riscos, ao passo que a presidente do Banco Central Europeu defendeu a integração de um capítulo climático nas previsões económicas.

Steven Mnuchin afirmou que o debate não deveria ser sobre mudanças climáticas, mas sim sobre “questões climáticas” e que o clima é apenas uma das várias questões que devem ser discutidas.

O secretário do Tesouro norte-americano afirmou que os Estados Unidos deixaram o Acordo de Paris não por não estarem atentos às questões climáticas, mas porque o acordo não era benéfico para o país.

As afirmações de Mnuchin surgem na sequência das declarações da presidente do Banco Central Europeu, Christine Lagarde, que disse ser vital incluir os riscos climáticos nas previsões económicas.

O ministro alemão das Finanças, Olaf Scholz, também afirmou que o seu país estava a fortificar o combate para a redução do uso de carbono.

“Não sabemos quais os custos que tudo isto envolve, o que significa que estamos superestimar essas quantias. Se quiserem aplicar impostos às pessoas, vão em frente e façam isso, mas esses impostos serão para pessoas que trabalham”, afirmou Steven Mnuchin.O secretário de Estado do Tesouro referiu a emergência do coronavírus, as ambições nucleares do Irão, a possibilidade de os preços do petróleo atingirem os 120 dólares por barril e a necessidade de estimular o desenvolvimento de países pobres.


Mnuchin declarou que “existem muitas pessoas nos país em vias de desenvolvimento que não têm acesso a eletricidade e por isso é necessário criar um ambiente onde eles possam ter uma vida melhor”, cita o jornal britânico The Guardian.

O governante norte-americano não teve grande apoio nas suas declarações, num painel composto, para além de Christine Lagarde e Olaf Scholz, pela administradora do Fundo Monetário Europeu, Kristalina Georgieva e pelo Governador do Banco do Japão, Haruhiko Kuroda.

A diretora-geral do FMI acredita, por seu turno, que são necessárias políticas que sejam “benéficas para a economia, para o meio ambiente e para as boas pessoas”, uma vez que o “investimento verde” pode fornecer um uso de “economias que ainda não forame exploradas. Nem tudo é triste e sombrio”.

A presidente do Banco Central Europeu afirmou que a precificar os custos da transição para uma economia de baixa utilização de carbono, em conjunto com a pressão que se pode fazer às empresas para divulgar a sua exposição ao risco de crise climática, pode levar as empresas a avançar com soluções mais rapidamente.

O ministro alemão das Finanças falou sobre a decisão de pagar 40 mil milhões de euros às regiões onde existem minerações de carvão e às empresas de energia para eliminarem as fábricas de carvão. Scholz justificou esta decisão com a “escala da ameaça”.
“Ninguém fez praticamente nada pelo clima”

O Fórum Económico Mundial de Davos contou com a presença de Greta Thunberg, na passada terça-feira. A ativista acusou os dirigentes políticos de mundiais de “não fazerem praticamente nada pelo clima”, principalmente no que toca a emissões de carbono.
A ativista sueca apelou aos líderes políticos e económicos que fizessem alguma coisa pelas gerações futuras.

Thunberg lembrou os participantes de que apesar das evidências de uma catástrofe natural iminente "nenhuma ideologia política ou estrutura económica" fez efetivamente alguma coisa, lembrando que é urgente parar com as emissões de carbono.

Donald Trump, que também participou no Fórum, aproveitou a ocasião para elogiar a economia norte-americana e criticar os ativistas pelo clima.

O Presidente dos Estados Unidos tentou passar ao lado do tema central do evento, evitando abordar o aquecimento global.

A intervenção aconteceu pouco depois da ativista sueca e Trump não perdeu a oportunidade de criticar os ativistas, referindo-se a estes como os "eternos profetas do apocalipse" climático.

Embora não tenha focado o seu discurso na posição dos Estados Unidos para as questões climáticas, contrariamente aos outros participantes, Donald Trump disse ser "um grande apoiante do ambiente" e anunciou que os EUA vão plantar "um bilião de árvores".

Trump não compreende que o mundo se preocupe com o facto de os EUA terem abandonado o Acordo de Paris, mas não com o incumprimento desse acordo por parte dos restantes subscritores.
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