Diplomacia dos EUA assegura que França é parceiro vital na região do Indo-Pacífico

por Lusa

 A França é "um parceiro vital" dos Estados Unidos na região do Indo-Pacífico, assegurou hoje o chefe da diplomacia norte-americana, depois do anúncio de uma aliança com o Reino Unido e a Austrália que despertou a ira de Paris.

"Não há divisão regional dos interesses dos nossos parceiros atlânticos e pacíficos", afirmou Antony Blinken numa conferência de imprensa realizada hoje em Washington.

"Esta parceria com a Austrália e o Reino Unido demonstra que queremos trabalhar com os nossos parceiros, inclusive da Europa, para garantir uma zona Indo-Pacífico livre e aberta", acrescentou.

A nova aliança implicou a desistência por parte da Austrália de uma enorme encomenda de submarinos à França, tendo Paris reagido com fortes críticas tanto a Camberra, a quem acusou de faltar à palavra, como ao Presidente norte-americano, Joe Biden.

Os EUA já tinham afirmado hoje que mantiveram contactos prévios com a França antes do anúncio da nova parceria, mas Paris desmentiu.

"Altos responsáveis da administração norte-americana mantiveram contacto com os seus homólogos franceses para discutir o `AUKUS` [a designação da nova parceria], incluindo antes do anúncio", declarou à agência noticiosa AFP um alto responsável da Casa Branca.

No entanto, a França desmentiu firmemente esta afirmação.

"Não fomos informados deste projeto antes da publicação das primeiras informações na imprensa americana e australiana, que precederam em algumas horas o anúncio oficial do [Presidente] Joe Biden", declarou à AFP Pascal Confavreux, porta-voz da embaixada de França em Washington.

Na conferência de imprensa em Washington, Antony Bliken tentou desdramatizar a situação.

"Saudamos os países europeus que desempenham um papel importante na zona Indo-Pacífico e queremos continuar a ter uma cooperação estreita com a NATO, com a União Europeia e com outros atores neste campo", reforçou.

A nova aliança, anunciada na quarta-feira, visa claramente conter as ambições crescentes da China na região.

Também presente na conferência, o ministro da Defesa norte-americano, Lloyd Austin, denunciou "as atividades desestabilizadoras da China e os esforços de Pequim para pressionar e intimidar outros países" e confirmou que Washington "vai desenvolver o seu acesso e presença na Austrália".

Também a União Europeia admitiu hoje ter sido surpreendida com a notícia da aliança, tendo o alto representante da União Europeia (UE) para a Política Externa lamentado não ter feito parte das conversações.

"Não vamos dramatizar, não vamos colocar tudo em questão", reagiu Josep Borrell em conferência de imprensa na sede da Comissão Europeia, em Bruxelas, lamentando, no entanto, que os representantes da União Europeia não tenham sido informados.

Os Estados Unidos, Austrália e Reino Unido anunciaram na quarta-feira um pacto de Defesa destinado a enfrentar a República Popular da China na região Indo-Pacífico.

O pacto AUKUS (iniciais em inglês dos três países anglo-saxónicos) tem como objetivo reforçar a cooperação trilateral em tecnologias avançadas de defesa, como a Inteligência Artificial, sistemas submarinos e vigilância em longa distância.

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