Empresa não tem intenção de vender participação na Groundforce

por Lusa
Manuel de Almeida - Lusa

O ministro das infraestruturas disse hoje que não é intenção da TAP vender a participação que tem na Groundforce, apesar de isso estar previsto como possibilidade no plano de reestruturação entregue a Bruxelas e que aguarda aprovação.

"A eventualidade da TAP vender a participação que tem na Groundforce está prevista como possibilidade. A TAP não está obrigada a vender a sua participação na Groundforce, mas é um dos pontos que está no plano de reestruturação", começou por explicar o ministro das Infraestruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos, que foi ouvido na manhã de hoje, no parlamento, a propósito do pedido de insolvência da SPdH/Groundforce por parte da TAP.

Segundo o governante, a venda da participação do grupo TAP na empresa de `handling` (49,9%) está prevista no plano de reestruturação da companhia aérea entregue à Comissão Europeia, justificando-a como uma forma da TAP se concentrar no seu negócio principal e não na assistência em aeroportos.

"Não é essa a nossa intenção. [...] A nossa intenção não é a TAP sair do serviço de `handling`. Não pode ter maioria [do capital social da Grundforce], mas não é nossa intenção nos retirarmos", acrescentou Pedro Nuno Santos.

O presidente do Conselho de Administração da TAP, Miguel Frasquilho, disse, em 18 de março, que o plano de reestruturação da TAP contempla a redução de custos em todas áreas, incluindo no `handling` (assistência em aeroportos), prestado pela Groundforce.

"O nosso plano [de reestruturação] é muito duro, muito exigente, o que faz com que todo o grupo TAP tenha de ser mais eficiente. [...] Os custos em todas as áreas terão também de baixar, é natural que, no que toca aos serviços que são prestados em termos de `handling`, isso também esteja contemplado", afirmou Miguel Frasquilho, ouvido no parlamento.

O responsável sublinhou, porém, que o plano, que espera que possa ser avaliado e aprovado pela Comissão Europeia "entre abril e maio", prevê que a TAP continue a ter serviços de `handling` e que é natural que a companhia aérea continue ligada à Groundforce, uma relação que já dura há muito tempo.

A TAP requereu, em 10 de maio, na "qualidade de credora", a insolvência da Groundforce "junto dos Juízos de Comércio de Lisboa do Tribunal Judicial da Comarca de Lisboa", justificando que o objetivo da ação passa por, "se tal for viável", salvaguardar "a viabilidade e a sustentabilidade da mesma, assegurando a sua atividade operacional nos aeroportos portugueses".

A Groundforce considerou hoje que um processo de insolvência não só "não deixa tudo na mesma", como deixa a Groundforce numa situação de "total estrangulamento", tendo, por isso, escrito ao ministro das Infraestruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos, no sentido de o sensibilizar "para o facto de esta decisão contribuir em muito para o agravamento da situação da empresa".

O acionista maioritário da empresa de `handling` avisou que a rutura operacional poderá comprometer o pagamento dos salários de maio aos trabalhadores, até agora salvaguardado, "dificultar a operação de venda que se encontra em curso com diversos `players` internacionais do setor", bloquear o "acesso ao financiamento de curto prazo junto da banca, com especial ênfase para a Caixa Geral de Depósitos", bem como prejudicar a TAP, "que, sendo simultaneamente acionista e credora, será a última entidade a receber o que lhe é devido após a insolvência".

A Groundforce é detida em 50,1% pela Pasogal e em 49,9% pelo grupo TAP, que, em 2020, passou a ser detido em 72,5% pelo Estado português.

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