Estará a produção mundial de café em risco?

por RTP
Reuters

De acordo com cientistas britânicos a produção de café no mundo sofre sérios riscos no próximo século. A subida das temperaturas está a dar origem a secas que fazem da semente de café um bem cada vez mais raro e que pode chegar no futuro aos cafés de todo o mundo com um sabor pior e com um preço ainda mais alto.

Os maiores produtores de café mundiais estão a sentir cada vez mais dificuldades para manter a produção a bom ritmo devido às mudanças climatéricas. Países como a Etiópia, Brasil e Vietname sentem cada mais a força da natureza que afeta a produção de café.

De acordo com especialistas do London Kew Gardens o próximo século será vital para o desfecho da produção de café mundial. Com as temperaturas mais altas é de esperar que o sabor do café mude e que os preços sejam cada vez mais altos devido à procura.

“Na Etiópia e resto do mundo, se não fizermos nada, vai haver menos café, vai ter um sabor pior e vai custar mais”, revelou Aaron Davis, especialista no estudo de café no London Kew Gardens.

A organização internacional do café acredita que a procura pelo produto vai, novamente, ultrapassar a produção de café mundial, o que já acontece há três anos consecutivos. Apesar disse há esperança que o ano seja de boa colheita já que o tempo no Brasil e Vietname deu tréguas.

Com os problemas de produção resolvidos a curto prazo é agora a longo termo que as instituições oficiais estão preocupadas. De acordo com o Instituto de Pesquisa do Café do mundo a produção deste bem está em risco devido às mudanças climáticas, doenças, pestes e pressão dos solos.


Foto: Reuters

A procura é cada vez maior e os produtores sentem cada vez mais dificuldade em conseguir vender café suficiente. Em alguns lugares do mundo já se sente o impacto destas mudanças no sabor do café.
Produtores mundiais severamente afetados

Na Etiópia já há queixas dos produtores de café que afirmam que a produção pode cair mais de 60 por cento nos próximos tempos devido à subida das temperaturas, que se pensa que vão subir três graus até ao fim do século.

Preocupações partilhadas pelo Brasil, o maior produtor mundial de café. De acordo com as Nações Unidas, a subida de três graus e os níveis de chuva reduzidos fazem com os dois maiores estados brasileiros produtores de café (Minas Gerais e São Paulo) tenham quebras na produção na ordem dos 70 a 75 por cento.

A região que mais café produz no Brasil é também aquela que mais sofreu um com uma grande seca que afeta a zona desde 2014, situação que levou o governo brasileiro a contemplar, pela primeira vez, a importação de café. Ideia que ficou pelo caminho pela cerrada oposição dos produtores de café.

Apesar dos problemas a longo prazo, cientistas ressalvam que quanto mais rápido se tomarem ações para travar este problema, mais rápido o problema pode ser evitado. A solução passa, em parte, por novas áreas de produção aliadas a práticas sustentáveis da conservação da floresta.
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