Falta de postos de combustíveis obriga algumas populações angolanas a fazer queimadas

por Lusa

Luanda, 26 mai (Lusa) - A falta de postos de abastecimento de combustíveis nos municípios mais isoladas de Angola leva as populações locais a fazer queimadas desordenadas para obter carvão, ameaçando a fauna e a flora, e destruindo áreas de cultivo.

A conclusão é do próprio Ministério dos Petróleos angolano que refere, num documento a que a Lusa teve hoje acesso, que foi aprovado para o ano de 2017 um programa de "acompanhamento das atividades de comercialização de derivados de petróleo nas zonas mais recônditas do país", visitas que arrancaram em março nas províncias de Malanje, Lunda Norte, Uíge e Zaire.

A falta de postos de abastecimento de combustíveis afeta sobretudo os municípios de Cunda-Dya-Base, Marimba, Massango e Quirima, em Malanje, do Cuango, Cuilo e Lubalo, na Lunda Norte, de Bembe, Buengas, Ambuila e Milunga, no Uíge, e de Noqui, no Zaire, com as populações obrigadas a percorrer várias dezenas de quilómetros até à unidade mais próxima.

"Devido à dificuldade na obtenção desses derivados, as populações veem-se obrigadas a efetuar queimadas, geralmente desordenadas, para obtenção de carvão, resultando na destruição da fauna e flora afetando negativamente áreas de cultivo e de criação de animais", conclui o Ministério dos Petróleos.

A resolução deste problema, acrescenta, "passa necessariamente por encontrar soluções que sejam localmente sustentáveis" e "a melhoria das vias de acesso a estes municípios é um fator crucial".

A visita dos técnicos a estes municípios visa identificar, no local, a problemática da distribuição dos derivados de petróleo nos municípios desprovidos de postos de abastecimento de combustível, "bem como identificar soluções locais que permitam reduzir, de maneira razoável, a dependência dessas comunidades em relação aos grandes centros de distribuição de derivados".

Angola chegou em 2015 aos 912 postos de abastecimento de combustíveis, um crescimento de mais de 50 unidades no espaço de um ano.

O negócio, segundo os dados da altura, é largamente liderado pela estatal Sonangol Distribuidora, com 494 postos - contentorizados e construídos de raiz -, operacionais em todo o país.

Seguia-se a Pumangol, com 71 postos de abastecimento, e depois a Sonangalp, participada em 49 por cento pela portuguesa Galp Energia e detida maioritariamente pela Sonangol, que operava 47.

Além das três marcas de implantação nacional, a rede de postos de abastecimento de combustíveis angolana era constituída em 2015 por mais 300 operadoras de "bandeira branca", das quais 221 instaladas em contentores ao longo das principais vias.

Só em Luanda funcionavam 308 dos 912 postos de abastecimento identificados.

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