FMI prevê abrandamento da economia de Moçambique e recomenda reequilíbrio de políticas

por Lusa

Maputo, 14 dez (Lusa) - O Fundo Monetário Internacional (FMI) prevê um abrandamento da economia de Moçambique este ano com uma taxa de crescimento de 3% do PIB, face a 3,8% em 2016, anunciou hoje a instituição em comunicado.

Segundo o corpo técnico que visitou Moçambique até quarta-feira, espera-se que "o crescimento venha a declinar para cerca de 3% em 2017, comparativamente a 3,8% em 2016".

Na última previsão, apresentada a 16 de novembro, o FMI referia que o crescimento da economia moçambicana deveria recuperar para uma taxa de 4,7% em 2017 e 5,3% em 2018 - em linha com a previsão do Governo para o próximo ano.

O comunicado hoje divulgado traça outro cenário, referindo que "o crescimento de Moçambique continua a abrandar e as perspetivas continuam desafiadoras, exigindo um reequilíbrio urgente da combinação de políticas para assegurar uma estabilidade macroeconómica duradoura e reforçar as perspetivas de crescimento inclusivo".

A avaliação foi feita por uma equipa do corpo técnico do FMI, chefiada por Michel Lazare, que visitou Moçambique entre 30 de novembro e até quarta-feira, para concluir a Consulta ao Abrigo do Artigo IV do organismo.

O FMI considera que "a política monetária restritiva foi bem sucedida na redução da inflação anual para cerca de 7% em novembro de 2017 e a taxa de câmbio estabilizou nos últimos seis meses".

A posição externa melhorou, o que permitiu ao Banco de Moçambique "acumular reservas substanciais em divisas".

Ainda assim, o crescimento do PIB deve abrandar, em vez de acelerar.

"As perspetivas para 2018 e para o médio prazo continuam desafiadoras, especialmente considerando o enfraquecimento continuado da cobrança de receita e a rigidez das pressões da despesa corrente", aponta o fundo.

O organismo recomenda que se acabe com isenções de IVA e de outros impostos, a par de uma redução da despesa corrente, mas que proteja as despesas do Estado de âmbito social e em infraestruturas.

Ao mesmo tempo, é preciso baixar as taxas de juro para facilitar o acesso das pequenas e médias empresas ao crédito.

Embora a política fiscal continue a colocar pressões sobre as taxas de juro do mercado, a missão do FMI "encoraja o banco central a reconsiderar o ritmo dos cortes na taxa de referência, considerando o grande e inesperado declínio da inflação".

A taxa de referência (prime rate) introduzida em junho e definida mensalmente estreou-se com um valor de 27,75% e desde então registou duas descidas vigorando uma taxa de 27,5% em dezembro.

"Espera-se que as pressões substanciais da despesa resultantes do serviço da dívida e dos salários, bem como a cobrança de receitas menor do que o previsto, resultem no défice fiscal global superior a 8% do PIB", calcula o FMI.

O corpo técnico refere ainda no comunicado de hoje que, a médio prazo, será necessário "um esforço fiscal sustentado para baixar os défices e reduzir a acumulação adicional de dívida pública interna e externa, incluindo os atrasados a credores e fornecedores".

A missão incitou as autoridades a avaliarem a viabilidade de projetos de investimento público, as limitações da capacidade de absorção e a sustentabilidade da dívida.

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