Futuro do regadio implica garantia de água e modernização de blocos de rega - Regantes

por Lusa

O presidente da Federação Nacional de Regantes de Portugal (Fenareg) defendeu hoje que o regadio é "fundamental" para a agricultura e o seu futuro implica garantia de armazenamento de água e modernização de blocos de rega.

"O regadio é fundamental para a agricultura", afirmou José Núncio, em entrevista à agência Lusa, frisando que "mais de metade" das explorações agrícolas em Portugal usa regadio e "um hectare de regadio produz seis vezes mais do que um hectare de sequeiro".

Ao permitir produzir seis vezes mais, o regadio "irá garantir a viabilidade das explorações agrícolas" e, por isso, "é o modelo" e "há que criar condições" para o "rentabilizar", sublinhou.

Segundo José Núncio, devido às alterações climáticas, os fenómenos de seca e de excesso de água "irão ser cada vez mais sequentes e mais extremos".

Por isso, "um dos pontos fundamentais" para o futuro do regadio em Portugal será "garantir a capacidade de armazenamento de água" aproveitando fenómenos de excesso de água e "para fazer face a necessidades" decorrentes de fenómenos de seca.

A garantia de armazenamento de água passa "seguramente" pela construção de mais barragens, afirmou, referindo que há regiões com capacidade de armazenamento "relativamente bem construída", como o Alentejo, onde "os grandes reservatórios estão concluídos".

No entanto, há outras regiões, como o Vale do Tejo, onde é preciso "rever seguramente" a construção de "mais reservatórios" para "garantir a viabilidade da agricultura".

Por outro lado, será necessária "a modernização de blocos de rega e regadios existentes", disse, lembrando que "a grande maioria dos regadios em Portugal tem mais de 60 anos e necessita de ser reabilitada e modernizada para responder aos desafios atuais de objetivos de eficiência e de eficácia da distribuição de água".

"Grande parte do trabalho já foi feita e tem sido notável a evolução da agricultura de regadio em Portugal", onde os consumos médios de água por hectare baixaram "para 1/3" desde os anos 60 do século XX até hoje, observou.

A evolução "tem sido feita recorrendo aos novos sistemas de rega", afirmou, referindo que em Portugal há tecnologias de rega "de ponta e do mais eficiente", mas "às vezes" os agricultores não têm "capacidade de investimento" para substituir equipamentos.

Por isso, defendeu, é preciso "dar condições aos agricultores para que possam substituir os equipamentos de rega, que começam a estar obsoletos, porque há novas tecnologias".

José Núncio falava à Lusa a propósito da 11.ª edição das Jornadas Fenareg - Encontro Regadio 2018, que vai decorrer na quinta e na sexta-feira, na aldeia de Montes Velhos, no concelho de Aljustrel, distrito de Beja.

Nas jornadas, a Fenareg vai apresentar um estudo que encomendou e está a ser elaborado por uma sociedade de estudos com vista a definir objetivos e propostas para o desenvolvimento de uma estratégia nacional para o regadio até 2050.

As propostas do estudo, que deverá estar concluído no primeiro trimestre de 2019, serão "um contributo" para o desenvolvimento de uma estratégia nacional e poderão servir de "orientação" para políticas públicas de regadio para o período 2020-2050, explicou.

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