O lançamento do concurso público para a conceção e construção da nova ponte sobre o rio Douro foi aprovado hoje por unanimidade na reunião de Câmara de Vila Nova de Gaia, apesar do processo ter merecido críticas da oposição.
Em causa está a ponte rodoviária projetada pelos municípios do Porto e de Vila Nova de Gaia, batizada como ponte D. António Francisco dos Santos, que ficará montante da ponte D. Luís I, entre as pontes do Freixo (rodoviária) e de São João (ferroviária) e que, de acordo com a proposta votada hoje, custará, incluindo acessos, 36,9 milhões de euros e estará pronta em 2025.
Esta manhã, em reunião de câmara extraordinária, o executivo de Vila Nova de Gaia, liderado pelo PS, aprovou por unanimidade a abertura do concurso público internacional para a conceção e construção da travessia, sem que, no entanto, a oposição PSD tenha deixado críticas ao processo.
"Tendo sobretudo em conta os movimentos pendulares entre o Porto e Gaia e o diálogo permanente que se impõe para a gestão integrada das duas cidades, concedemos o benefício da dúvida e iremos votar favoravelmente a empreitada de conceção/construção da ponte D. António Francisco dos Santos e acessos, por se tratar de um investimento estruturante para o concelho", referiu o vereador social-democrata Cancela Moura.
Antes, o vereador lembrou que os valores e os prazos anunciados em 2018, quando os autarcas de Vila Nova de Gaia e do Porto, o socialista Eduardo Vítor Rodrigues e o independente Rui Moreira, respetivamente, anunciaram a construção desta ponte eram diferentes dos agora apresentados.
"Em abril de 2018, os presidentes das câmaras do Porto e de Gaia anunciavam a construção de uma nova ponte, à cota baixa, com um custo de 12 milhões de euros, integralmente assumidos, em partes iguais, por ambos os municípios, com a garantia de estar concluída em 2022", referiu Cancela Moura.
O vereador também criticou o facto de estar planeado que as câmaras apenas dividam os custos do tabuleiro sobre o rio e não a totalidade da empreitada.
Esta divisão de custos faz com que a Câmara de Vila Nova de Gaia pague, no total, 60% dos 36,9 milhões de euros, uma vez que este valor inclui acessos, e a Câmara do Porto os restantes 40%.
De acordo com a proposta hoje analisada, a parte da ponte sobre o rio custará mais de 16,8 milhões de euros.
A 50% deste valor, Gaia terá de somar 10,8 milhões para construção do tabuleiro em área seca e 3,2 milhões para acessos rodoviários.
Ao Porto caberá pagar o mesmo valor relativo ao tabuleiro (8,4 milhões de euros) e seis milhões em acessos.
No final da reunião, em declarações aos jornalistas, o presidente da Câmara de Gaia rejeitou as críticas do PSD, justificando que "Gaia paga mais pelas opções tomadas no que diz respeito a acessos", uma vez que "foi decisão do município introduzir um eixo à cota alta em Quebrantões, pois de outra forma a ponte desaguaria numa rua e criaria um beco".
Eduardo Vítor Rodrigues também rejeitou a ideia de que o projeto tenha sofrido "derrapagens" orçamentais, justificando que o anunciado em 2018 foi o custo da obra de arte (tabuleiro sobre o rio) e que o aumento de 12 para 16,8 milhões se deve à atualização dos preços de mercado e à atualização do projeto com as exigências de entidades centrais, nomeadamente da Agência Portuguesa do Ambiente.
Em Vila Nova de Gaia, o investimento neste projeto será distribuído "por três a quatro orçamentos anuais", disse o autarca.
A Ponte D. António Francisco dos Santos terá uma extensão total de 625 metros, 300 dos quais sobre o rio, e um perfil transversal do tabuleiro de 21,50 metros.
No que diz respeito a acessos, do lado do Porto está prevista a construção de um túnel na zona de Campanhã e acessos de rebatimento à marginal, já no lado de Gaia os acessos implicam uma nova rotunda, vias de ligação a outra já existente e viaduto elevado até à chamada VL9.
A proposta discutida hoje refere como ligação a norte (Porto) a Avenida Paiva Couceiro, enquanto a sul (Gaia) a rotunda Gil Eanes.
Enquanto esta proposta era discutida em Gaia, decorreu, à mesma hora no Porto, discussão idêntica que culminou com o adiamento da assinatura do contrato de lançamento do concurso por decisão de Rui Moreira, após críticas da oposição sobre a condução do processo.