O sistema de resposta aos previsíveis efeitos da greve marcada para agosto pelos motoristas de transporte de matérias perigosas passa pelo desenvolvimento de uma rede pré-existente de “postos estratégicos para abastecimento do país”, indicou esta quinta-feira o ministro do Ambiente, Matos Fernandes. O mecanismo, que fora já sinalizado pelo secretário de Estado da Energia, João Galamba, não se traduz, todavia, numa “vida normal”.
“Hoje temos já definidos quais são, ao longo de todo o país, os postos que são para abastecimento exclusivo das forças de segurança, dos bombeiros, das ambulâncias que transportam doentes, quais os postos que têm também que ter combustível para servir o comum dos cidadãos”, continuou o governante, adiantando ainda que foram somadas infraestruturas como os aeródromos, locais de abastecimento de aeronaves envolvidas no combate a incêndios.
“O que fizemos foi transformar uma rede de postos em todo um sistema logístico. Sabemos hoje quais os locais onde existe o combustível que é distribuído para esses pontos, quais os percursos que têm que ser feitos e de que meios necessitamos para o fazer”, insistiu o ministro do Ambiente.
A rede será ajustada após a definição de serviços mínimos. E terá “a dimensão de garantir uma quantidade mínima de combustível em todo o país”, sendo que não vai acautelar “uma vida normal”, embora o Governo acredite que seja suficiente para “evitar situações de desconforto”.
“É toda uma logística montada com o tempo para assegurar que o prejuízo causado será o menor possível”, acentuou.
O ministro quis ainda garantir que a rede de postos estratégicos irá “muito para além” dos 25 por cento de serviços mínimos propostos pelos sindicatos que representam os motoristas.
“Completamente despropositadas”
As estruturas sindicais mostram-se surpreendidas com as declarações do secretário de Estado da Energia. Em declarações à rádio TSF e ao Dinheiro Vivo, João Galamba deu conta da preparação de “uma rede de abastecimento de emergência”, em caso de incumprimento de serviços mínimos.
No pré-aviso do SNMMP e do SIMM, são propostos
serviços mínimos de 24 por cento em todo o território do país. Na
primeira greve, em abril, estes serviços eram de 40 por cento, mas
somente em Lisboa e Porto.
Ouvido pela agência Lusa, o secretário da Assembleia do Sindicato Independente de Motoristas de Mercadorias (SIMM), Anacleto Rodrigues, considerou as palavras do secretário de Estado “completamente despropositadas”.
Foi, de resto, com “total surpresa” que o SIMM recebeu as declarações de João Galamba. Isto porque os sindicatos aguardam ainda uma reunião com a tutela para determinar serviços mínimos.
Por seu turno, o presidente do Sindicato Nacional dos Motoristas de Matérias Perigosas (SNMMP), Francisco São Bento, afirmou que o Governo parece querer “contornar o problema em vez de encontrar uma solução”.
Sindicatos de camionistas e ANTRAM – Associação Nacional de Transportes Públicos Rodoviários de Mercadorias não chegaram a acordo na passada segunda-feira, ao cabo de uma reunião cerca de cinco horas mediada pelo Ministério do Trabalho.
Já a ANTRAM disse-se convicta de que os sindicatos “nunca tiveram intenção de chegar a entendimento”. A associação está a percorrer toda a documentação relativa ao processo negocial. Se concluir que faltou boa-fé, tal “não poderá deixar de ter as naturais consequências legais”, segundo o advogado André Matias de Almeida, também citado pela Lusa.
“O Governo esteve à mesa das negociações e sabe quem esteve de boa-fé e quem esteve de má-fé”, vincou o representante da ANTRAM, que vê com “total normalidade” as declarações do secretário de Estado da Energia, dado que “nenhum Governo pode permitir uma situação de crise energética”.
c/ Lusa
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